10. Intervenções dos espaços urbanos que possibilitam a ventilação
Para controlar a ação dos ventos no espaço urbano poderá ser estabelecido obstáculos naturais (árvores etc.) e artificiais como outros edifícios. O fluxo de ar num local de construção pode ser controlado por obstruções, defletores ou filtros formados por árvores, cercas, banquetas e obstruções.
Ventos indesejáveis de inverno podem ser reduzidos ou afetados e os ventos refrescantes do verão podem ser dirigidos a uma estrutura. Um quebra-vento reduzirá a 75% a velocidade do vento por distância de 10 a 15 vezes sua altura. Vegetação e paredes fora de um edifício podem ser usados para ajudar a ventilação natural ou mitigar o pleno efeito dos ventos fortes.
Observações para o urbanismo:
- Ruas de maior largura no sentido leste-oeste;
- Ruas norte-sul mais estreitas (pois as construções voltadas para um dos lados destas ruas fará sombra para os pedestres do lado direito ou esquerdo – manhã e tarde)
- Nas ruas com direção norte-sul deve ser previsto desvios, praças, de modo a não canalizar os ventos.
- A vegetação deve funcionar como barreira aos ventos, além de reter parte da poeira em suspensão no ar.
- É conveniente espelhos d´água, chafariz, etc.
O traçado das vias urbanas deverá ser de forma a facilitar a penetração do ar entre as massas dos edifícios, para que possibilite o melhor equilíbrio energético.
- Quando as ruas são paralelas à direção do vento dominante, formam canais livres pelos quais o fluxo de ar penetra em profundidade na zona urbana. Quanto mais largas forem as ruas, menor o obstáculo criado pelos edifícios situado ao longo destas e melhor a ventilação global, e maior seu desempenho energético no espaço urbano durante a estação quente.
- Entre os fatores climáticos o que mais possibilita o controle é a radiação, visto que existe em grande variedades de soluções, que poderão ser aplicadas conforme as características da intensidade de radiação e a sua relação com o entorno, os materiais, os tipos de superfície etc., poderá ser analisado a situação do espaço e aplicada as soluções que oportunizem melhor conforto e redução no consumo de energia.
- Outro fator fundamental para a redução do consumo de energia é a ventilação natural. Nos climas quentes-úmidos, a tensão de vapor (quantidade de água presente no ar) tenderá a ser maior dentro do edifício do que de fora, devido ao suar, trabalhar, cozinhar etc. Sob essas condições, é desejável substituir o ar de dentro pelo de fora. Essa substituição de ar chama-se ventilação e é expressa como o número de renovações de ar em m³/h. As correntes naturais de ar ajudam a realizar essa substituição através de aberturas estrategicamente localizada no edifício.
- Também pode-se aplicar o uso da flora como fator importante de criação de zonas micro climáticas e também como barreiras de direcionamento da ventilação exterior para o interior do edifício.
- Os núcleos urbanos favorecem as condições para precipitação em forma de chuva devido às partículas em suspensão.
9.1 Efeitos aerodinâmicos dos ventos
Os ventos são essenciais na interferência da qualidade do espaço urbano. É fundamental para que se possa orientar, e localizar as massas de ocupação do espaço sem formação de ilhota.
9.1.1 Ilhota térmica: também afeta o percurso do vento. No centro da cidade onde o efeito da Ilhota térmica é mais intenso, o ar aquecido sobe e atrai o fluxo do ar dos subúrbios (ventos frescos) para o centro da cidade, quando a forma urbana permite. É fundamental que o planejamento urbano estabeleça princípios e técnicas que possibilitem a minimização da energia. Como: analisar as informações climáticas em função da topografia urbana, aplicar a escala microclimática para determinar a demanda de energia para a região estudada. A partir de dados obtidos da estação meteorológica mais próxima e distribuir os edifícios no espaço urbano de forma a minimizar o ganho térmico natural e maximizar a ventilação cruzadas nas regiões que não possuem estação fria.
9.1.2 Efeito de Barreiras: define-se como edifício laminar, do ponto de vista da ventilação um prédio paralelepipedal, de espessura relativamente estreita, 10m de altura homogênea que não exceda de 30m (10 pavimentos) e de cumprimento mínimo igual a oito vezes a altura.
9.1.3 O efeito Venturi: também conhecido como fenômeno de funil, formado por dois edifícios próximos e perpendiculares que permitem a circulação do vento entre eles e em algumas vezes, quando o funil é muito comprido produzir-se-á um túnel aerodinâmico. A proposta é aproveitar o efeito Venturi para ventilar os espaços urbanos, cuja localização ou conformação sejam desfavoráveis ao aproveitamento dos ventos locais, evitando a formação do túnel aerodinâmico pelo desconforto nas pessoas.
9.1.4 O efeito de malha: caracterizado por uma ocupação espacial justaposta, com alturas diversas que impede a circulação do ar entre os edifícios permitindo a circulação só sobre os mesmos. A solução para nossos climas é evitar, no projeto do edifício o efeito “malha’ que impede a ventilação local. Assim as aberturas da malha deverão ser superiores a 25% do perímetro do edifício e orientados na direção dos ventos favoráveis.
9.1.5 Efeitos das aberturas sob as edificações: (muito utilizado na arquitetura moderna) têm como objetivo direcionar mais o fluxo de ar quando orientado sob os edifícios. A solução é aproveitar o efeito dos espaços abertos localizados sob o edifício, para melhorar a ventilação do entorno construído nos climas quentes e úmidos.
9.1.6 O efeito de canto: acontece com o impacto dos ventos sobre as fachadas de forma que o desvio destes provoquem sucção nas laterais do edifício. Para estes casos deverá se trabalhar formas que possibilitem um melhor aproveitamento dos ventos desviados pelos cantos.
9.1.7 O efeito de canalização ou corredor: ocorre entre duas barreiras de prédios e também como consequência incomoda a velocidade dos ventos frios.
9.1.8 O efeito pirâmide: ocorre nas zonas onde os edifícios possuem uma geometria irregular, possibilitando a melhor distribuição dos ventos sobre o seu entorno, com melhor aproveitamento da energia dos ventos e melhores condições na qualidade do espaço do edifício e consequentemente a melhor conservação de energia. A proposta é usar os edifícios de forma piramidal para melhorar as condições de ventilação do edifício e do entorno, otimizando as vantagens de sua forma aerodinâmica e reduzindo sua capacidade de obstrução à ação do vento, interior e exteriormente.
9.1.9 O efeito “Wise”: provocado pelos ventos que incidem frontalmente na fachada do edifício originando a formação de um polo turbulento na parte inferior do edifício. O rolo turbulento, próprio do efeito Wise, é particularmente incômodo pela forma em que circula o fluxo de ar, cuja direção pode ser vertical, por exemplo, levantando os objetos leves (saídas das mulheres).
9.1.10 O efeito esteira: é o causador de redemoinhos, originado da velocidade dos ventos sobre zonas de pressões diferentes causando turbulência em todos os sentidos, portanto é importante analisar o seu entorno para que se possa abrir a esteira de ação dos ventos.
É isso! Bons estudos 😉
5 respostas em “Conforto térmico – parte 5”
Olá! Parabéns pelo artigo! Tenho interesse em usar as imagens deste artigo em um trabalho acadêmico. Qual é sua fonte? São de sua autoria?
Obrigada!
Minhas fontes estão no resumo de Comforto Térmico – parte 1
Olá eu queria sabe se você pode me ajudar a entender o que são sombra de ventos.
Olá eu queria sabe se você pode me ajudar a entender o que são sombra de ventos.
Prezada Carolina, bom dia, vou apresentar uma palestra no IESP sobre a ação dos ventos em grandes coberturas, pesquisando encontrei as imagens de sua autoria que se encaixam perfeitamente na minha explicação sobre vizinhança, gostaria de saber se posso utilizá-las dando os devidos créditos ao seu excelente trabalho. Obrigado, abs