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Resumo de Livros

Energia na Edificação, Estratégia para minimizar seu consumo. Lúcia R. De Mascaró

Olá pessoal,

Esse é um resumo de partes que considero importantes de um livro muuuuuito cobrado em concursos, principalmente do CESPE. Recomendo a leitura do livro todo!

Clima: feição característica e permanente do tempo, num lugar, em meio as suas infinitas variações. É composto por fatores Estáticos (posição geográfica e relevo) e fatores Dinâmicos (temperatura, umidade, movimento do ar e radiação)

 As taxas de ganho ou perda de calor do edifício dependem de:

  • Diferença entre a temperatura interior e exterior
  • Localização, orientação, forma e altura do edifício
  • Características do entorno natural e construído
  • Ação da Radiação Solar e Térmica
  • Ação do Vento
  • Desenho e Proteção das Aberturas para iluminação e ventilação
  • Localização dos equipamentos de climatização

Latitude

  • Quanto maior a latitude, maior a importância da orientação em relação à radiação térmica.
  • A medida que diminui a latitude, a orientação em função da radiação perde importância.

 Superfície

  • A evaporação tende a ser maior nas superfícies impermeáveis.

Orientação

  • A melhor orientação da edificação é na direção do vento dominante favorável, nas maiores latitudes. A orientação em relação aos ventos dominantes favoráveis chega a dispensar o uso de energia operante.

Orientação e radiação

  • Varia segundo a latitude, forma, altura, época do ano, orientação e entorno.

Forma

  • Influencia na carga térmica recebida. Quanto mais alongada no sentido N – S, menor carga térmica recebe. A maior quantidade de carga térmica recebida é para um edifício alongado no sentido L – O.
  • O nº de andares minimiza a carga térmica recebida pelo edifício em função da latitude.
  • Os edifícios térreos são, em todos os casos, os que recebem maior carga térmica (independente da latitude), agravando-se em latitudes menores. 

Obs: sempre a face que mais recebe calor é a cobertura, por isso quanto mais baixo, maior a carga térmica recebida.

Sítio

  • Pode melhorar o desempenho energético do edifício: o desenho do sítio, o aproveitamento das características positivas e a proteção contra as negativas. A superfície do entorno é capaz de controlar a radiação difusa. Plantas de grande porte podem amenizar a temperatura do ar.

Topografia – As variações topográficas determinam os ganhos e perdas de energia do edifício por meio de influência nas condições meso e microclimáticas.

  • Altitude: quanto maior a altitude, menor a temperatura.
  • Declividade: influenciam a velocidade e direção do vento e indiretamente a da temperatura.
  • Fator de reflexão(do entorno e da superfície exterior): relação entre a radiação refletida e a radiação total recebida. Cor, material e textura são elementos importantes para reflexão.

Ilhota térmica

  • As superfícies de pedra e asfalto absorvem e armazenam mais calor que a vegetação e a terra. Durante a noite essas superfícies resfriam-se lentamente. Além disso, os edifícios tendem a reduzir as correntes de ar e diminuir o resfriamento das superfícies do entorno por convecção. As áreas densamente povoadas atingem temperaturas muito mais altas do que as áreas suburbanas.

Ventos

  • Geralmente a velocidade do vento é menor na cidade do que no campo.
  • Inversão térmica: o efeito ilhota térmica, unido à poluição, segura o calor nos centros urbanos. A camada de SMOG dificulta a dispersão térmica por convecção.
  • Só o resfriamento noturno, o vento ou a chuva podem quebrar uma situação de inversão térmica. (região quente e seca)
  • Os efeitos da urbanização na ventilação urbana podem ser otimizados por meio da altura relativa, forma e distância entre os edifícios.

Plano de escolha de sítio para minimizar o consumo de energia:

  1. Uso da escala macroclimática para determinar a demanda de energia para a região considerada.
  2. Aplicação da informação climática aos efeitos topográficos e urbanos
  3. Estudar a localização, orientação, ventilação cruzada nas regiões quentes.
  4. Na região sul: otimizar o ganho térmico no inverno e proteger dos ventos desfavoráveis.

Traçados das vias urbanas

  • Ruas paralelas à direção dos ventos dominantes formam canais de ar que penetram com mais profundidade na zona urbana. A largura das ruas melhora a ventilação.
  • Ruas perpendiculares aos ventos dominantes tem o fluxo de ar principal situado acima do nível dos prédios. A largura das ruas tem pouco efeito sobre a ventilação global.

 Ventilação em nível de grupamento

  • Edifícios paralelos entre si, em que domina a altura em relação a outras medidas: distância 7xH entre os prédios para ventilação.
  • Edifícios intercalados é uma solução vantajosa.
  • Edifícios a 45º só recebem 50% da velocidade dos ventos.

Vegetação

  • Mesclar arbustos e árvores de caule liso e copa alta
  • Grandes áreas gramadas aumentam a velocidade do vento ao nível do solo

Formas de transmissão de calor: São 3 formas

  1. Condução: calor transmitido diretamente de uma parte do objeto para outra
  2. Convecção: calor transmitido por fluido em movimento
  3. Radiação: qualquer objeto pode radiar calor, o principal é o sol.
  • Transmissão de calor por onda longa: o sol
  • Transmissão de calor por onda curta: as superfícies

OBS: Porto Alegre é a cidade brasileira com maior incidência de radiação solar no verão.

Radiação Solar

  • A radiação solar direta é menor nas regiões quente-úmidas.
  • É intensa sobre a cobertura e como solução indica-se: reduzir ao mínimo a exposição solar. Considera-se a superfície horizontal coberta pelo telhado. A forma da cobertura só deve ser considerada se a inclinação do telhado for maior que o ângulo formado entre o sol e o horizonte.
  • Com a altura da edificação aumenta a perda térmica por convecção (devido ao movimento natural do ar), aumenta a exposição à radiação solar e aos ventos desfavoráveis do inverno (regiões com estação fria).

 Reflexão das superfícies

  • Cor: boa indicadora de reflexão da radiação solar, mas não tem bom desempenho em relação à radiação térmica.
  • Metais polidos: refletem grande proporção da radiação térmica.

Uma superfície branca se manterá mais fresca que uma superfície de alumínio polido quando exposta a radiação solar e ao céu claro. A superfície branca absorve mais radiação solar que o alumínio, mas emite radiação solar com mais facilidade. Em Porto Alegre a redução de calor que entra no local, se o telhado tiver pintado de branco, é de 1/3.

Se as mesmas superfícies forem expostas ao sol e ao entorno quente, o alumínio polido se manterá mais fresco. Não acontece o mesmo para superfícies pintadas de alumínio.

  • Nas regiões quente-úmidas um grande fator de reflexão de radiação solar do envolvente edificativo é importante.
  • Nas regiões quente-secas uma grande emissividade não tem o mesmo valor.

 Convecção sobre as superfícies expostas a radiação

Clima quente-úmido: a convecção em superfícies expostas a radiação é desejável, pois o movimento do ar tende a esfriá-las por evaporação. Portanto deve-se aproveitar plenamente os ventos da região. Opções:

  • Escolha de lugares altos
  • Orientação da declividade da cobertura para os ventos dominantes
  • Evitar zonas neutras entre edifícios adjacentes

Convecção nas superfícies internas

  • O movimento do ar próximo a cobertura, retira o calor que atravessa a cobertura.
  • Pinta-se uma faixa escura no telhado, para direcionar a saída do ar.

 Isolamento térmico

  • Isolamento por resistência: resiste a passagem de calor constante, proporcionado por materiais de baixa condutividade térmica.
  • Para o clima quente-úmido, o uso do quebra-sol pode substituir a própria parede, fornecendo sombra e ventilação permanente.
  • Em coberturas a existência de uma câmara de ar é uma solução para a transmissão de calor, por isso o forro é indispensável. No clima quente-úmido a câmara de ar deverá ser ventilada. Já nos climas com estações de verão e inverno é conveniente que a câmara não seja ventilada.
  • Em paredes a carga térmica recebida em clima quente-úmido é menor do que a recebida em clima quente-seco

Ventilação – A ventilação constante tem 3 funções:

  1. Dar conforto ao usuário (para climas quente-úmido) reduzindo a umidade do interior.
  2. Manter a qualidade do ar (clima quente-seco com estação fria), que é a ventilação higiênica. Deve ser produzida na parte superior do cômodo, longe do usuário.
  3. Resfriamento das superfícies interiores (convecção no forro)

A ventilação natural depende de fatores fixos como:

  1. Forma e características construtivas do edifício
  2. Forma e posição dos edifícios e espaços abertos vizinhos
  3. Localização e orientação do edifício
  4. Posição, tamanho e tipo de aberturas

E de fatores variáveis como:

  1. Direção, velocidade e frequência do vento
  2. Diferença de temperatura interior e exterior

A localização relativa dos prédios, levando em consideração a medida máxima, comprimento, largura, altura e orientação em relação à direção do vento, será fundamental para a ventilação natural.

Efeitos aerodinâmicos dos ventos

  1. Efeito barreira: a edificação barra o vento. Acontece em edificações horizontal com comprimento mínimo =8xh, com lâminas paralelas. Para reduzir o efeito barreira coloca-se ortogonalmente (perpendicular) saliências na sua superfície.
  2. Efeito Venturi: fenômeno de funil, formado por 2 edifícios próximos, cujos eixos formam ângulo agudo ou reto. Para que o efeito Venturi exista é preciso que:
  • A altura dos prédios seja maior que 15m (5 andares)
  • A soma do comprimento dos edifícios tenha 200m
  • A parte superior e inferior da fachada maior esteja livre de construção, numa mesma ordem de grandeza do funil.

As formas curvas aumentam o efeito do fenômeno, e se o funil for comprido produzirá um túnel aerodinâmico. Utiliza-se o efeito Venturi para ventilar os espaços urbanos, cuja localização seja desfavorável ao aproveitamento dos ventos locais.

3. União de zonas de pressão diferentes: efeito diretamente ligado a altura das edificações, em edifícios dispostos ortogonalmente(perpendicularmente) à direção dos ventos.

4. Efeito malha: edificações justapostas formando um bolso no centro produz uma zona protegida do vento, com aberturas inferiores a 25% do perímetro dos edifícios.

5. Aberturas sob a edificação (pilotis): quanto maior é a altura do pilotis, maior é o efeito da zona de baixa pressão (ou sucção). O efeito existe até aberturas de 5 andares.

6. Efeito de canto: resulta da união dos ângulos de edifício formado por fachadas em pressão positiva e em sucção (negativa). No caso de edifícios-torre, existe um espaçamento crítico (2x a transversal da torre).

7. Efeito canalização: acontece quando o corredor é bem definido e estreito (l=3xh).

8. Efeito pirâmide: As superfícies irregulares da edificação dissipam a energia do vento em todas as direções.

9. Efeito wise: ocorre em edifícios com mais de 5 andares, e piora quando ocorre uma construção baixa localizado a uma distância próxima a altura do edifício. É um rolo turbulento, incômodo, cuja direção pode ser vertical.

10. Efeito esteira: circulação do fluxo de ar em redemoinhos na parte posterior do edifício.

 Zonas de Baixa Pressão

As decisões básicas de projeto definem a zona de baixa pressão produzidas a barlavento do edifício. São de total responsabilidade do projetista os efeitos positivos e negativos das condições de ventilação provocados pela presença do prédio no seu entorno e a maximização ou minimização do consumo de energia do edifício em questão e dos próximos a ele.

  • A medida de que a profundidade do edifício aumenta, a profundidade da zona de baixa pressão diminui.
  • Quanto mais alto for o edifício, mais profunda a zona de baixa pressão, mas a forma de distribuição de ar é a mesma.
  • A profundidade da zona de sucção corresponde à altura do telhado, não importando se a altura inicial do edifício aumentou.
  • Os edifícios perpendiculares à direção do vento proporcionam uma zona de sucção maior.

Ventilação: o movimento do ar é afetado por 2 fatores: a distribuição da pressão no edifício e a inércia do movimento do ar. Recomendações em relação aos climas:

  • Frio e seco: ventilação higiênica
  • Quente, frio e úmido: aberturas mais amplas.
  • Quente: velocidade do ar >= 2m/2 e frio 1m/s
  • Quente e seco: ventilação higiênica

Ventilação interna: o que determina a sensação de refrescamento é a velocidade do ar e não o volume. No ambiente interno:

  • Deverá ter uma entrada e uma saída de ar
  • A abertura de entrada deve estar na zona de alta pressão e a de saída na de baixa pressão
  • A orientação de abertura deve ser frontal ao vento, mas quando as temperaturas médias forem muito elevadas recomenda-se posicionar o edifício perpendicularmente ao vento
  • A ventilação mais adequada é o vento entrado pelo estar e dormitórios e saindo pela área de serviço
  • Deve haver uma proporção de área aproximadamente igual entre entrada e saída de ar. Para melhor controle da ventilação interior, a combinação de pequenas e grandes aberturas em diferentes alturas é a melhor
  • A velocidade do ar ao nível do usuário, nas melhores condições, será de 30 a 40% da velocidade do vento livre
  • Podem-se obter condições de ventilação satisfatórias com ângulos de até 50º de um lado e outro da perpendicular da direção do vento
  • O ideal é a saída de ar ser mais larga que a entrada

 Ventilação cruzada: refere-se a aberturas a áreas de pressão e sucção do exterior.

Ventilação de conforto: entrada do ar embaixo e saída em cima.

 Janelas

  • Abertura simples (correr): área de ventilação 50%
  • Pivotante horizontal: mais eficiente do ponto de vista da ventilação. Para abertura 30º apresentam problemas, pois a área real de abertura é reduzida. O modelo ideal é a que possibilita a separação do fluxo quente e frio. Pode direcionar o fluxo.
  • Pivotantes verticais: não possibilitam a separação entre ar quente e frio, mas propiciam uma ventilação boa.

 Controle da Luz Natural

  • Do ponto de vista da iluminação natural, a fonte de luz diurna considerada é a abóboda celeste.
  • O entorno se comporta como fonte de luz.
  • Um dos requisitos básicos de desenho é garantir uma mesma quantidade e qualidade de iluminação para o sistema artificial e natural.
  • Os elementos interiores de controle de luz devem ser de material translúcido ou de cores claras de alta difusão. A luz que entra pela parte superior da janela é a que proporciona melhor iluminação do ponto de vista da uniformidade e da distribuição.

Iluminação zenital: oferece maior uniformidade e iluminação média sobre a área de trabalho. Tem custo inicial mais alto e maior dificuldade de limpeza e localização dos elementos de controle, proteção solar e ventilação. A entrada do sol deve ser evitada nos climas quente-úmido e nas estações quentes dos climas compostos por estações frias. Se o Pé Direito for grande e com ventilação cruzada ao nível inferior da cobertura, não serão necessário utilizar fatores de sombra.

  1. Tipo shed: com orientação sul fornecerá iluminação unilateral difusa, evitando o ofuscamento. Fornecem uma iluminação em torno de ¾ do valor obtido com uma mesma superfície iluminante localizada continuamente sobre a cobertura horizontal.
  2. Tipo lanternim: com superfícies iluminantes verticais necessita de menor manutenção.
  3. Cobertura de inclinação dupla com superfícies iluminantes: possui quase a mesma eficiência de uma horizontal com superfícies iluminantes.

 A iluminação lateral é adequada para zonas próximas às janelas.

Desenho de janelas- requisitos gerais:

  • Recomenda-se que as áreas iluminantes sejam contíguas e se estendam até o forro
  • A localização da borda superior das janelas sejam próximas ao forro, pois incrementa a superfície refletora e diminui as áreas escuras.
  • A uniformidade da iluminação melhora quando a borda superior da janela está situada a uma altura igual a metade da profundidade do local onde ela está.
  • Os peitoris envidraçados inferiores ao plano de trabalho não contribuem para a iluminação do local.
  • Um local com grandes janelas dependerá da luz incidente para sua iluminação.
  • Local com janelas de tamanho moderado, cujas superfícies interiores tenham alto fator de reflexão terá combinação adequada de luz direta e indireta.
  • O ideal é a iluminação artificial suplementar permanente – IASPI (integração entre luz natural e artificial)

 IASPI: obedece a 2 requisitos fundamentais:

  • O nível de iluminamento necessário e exigido pela função em questão
  • Há relação de luminância entre a parte do local iluminado com a luz natural e artificial.

A iluminação suplementar deve ter um nível suficientemente alto para estabelecer um equilíbrio de adaptação entre as partes mais iluminadas do ambiente perto da janela e as artificialmente iluminadas nas partes mais distantes daquela.

 Uso de Quebra sol

  • Quebra sol horizontal: fachada norte-Sul
  • Quebra sol vertical: fachada leste-oeste

 

Bons estudos!

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Desenho Universal

A expressão Desenho Universal foi usada pela primeira vez nos Estados Unidos, em 1985, pelo arquiteto Ron Mace, que influenciou a mudança de paradigma no desenvolvimento de projetos urbanos, de arquitetura e de design.

O conceito de Desenho Universal surgiu em decorrência de reivindicações de dois segmentos sociais:

  • Pessoas com deficiências
  • Arquitetos, engenheiros, urbanistas e designers: desejavam maior democratização do uso de espaços

O Desenho Universal visa incorporar parâmetros dimensionais de uso e manipulação de objetos, de forma que alcance maior gama de pessoas, independentemente de seu tamanho, idade, postura ou condições de mobilidade, procurando respeitar a diversidade física e sensorial na concepção de espaços e objetos, resguardando ainda a autonomia.

Os 7 princípios do Desenho Universal

1. Uso equitativo – evita segregação, os espaços podem ser utilizados por usuários com capacidades diferentes;

2. Uso flexível – ambientes ou sistemas construtivos permitem atender as necessidades de usuários com diferentes habilidades, admitindo adequações e transformações;

3. Uso simples e intuitivo – uso de fácil compreensão;

Fonte: DESENHO UNIVERSAL Habitação de interesse social, Prefeitura de São Paulo
Fonte: DESENHO UNIVERSAL Habitação de interesse social, Prefeitura de São Paulo

 

4. Informação de fácil percepção – comunica ao usuário as informações necessárias, de forma facilitada (contraste), usando diferentes meios de comunicação (sonora, táteis, etc.);

Fonte: DESENHO UNIVERSAL Habitação de interesse social, Prefeitura de São Paulo
Fonte: DESENHO UNIVERSAL Habitação de interesse social, Prefeitura de São Paulo

5. Tolerâncias ao erro – minimiza o risco e as consequências adversas de ações involuntárias ou imprevistas;

Fonte: DESENHO UNIVERSAL Habitação de interesse social, Prefeitura de São Paulo
Fonte: DESENHO UNIVERSAL Habitação de interesse social, Prefeitura de São Paulo

6. Esforço físico mínimo– minimiza ações repetitivas e esforços físicos que não podem ser evitados, dimensiona elementos e equipamentos para que sejam utilizados de maneira eficiente, segura, confortável.

7. Dimensionamento de espaços para acesso e uso abrangente – espaço e dimensões apropriados para interação, alcance, manipulação e uso, independente de tamanho, postura ou mobilidade do usuário. Com alcance visual, para ser usado tanto em pé quanto sentado.

Exemplo de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida:

Fonte: GUIA DE ACESSIBILIDADE: Espaço Público e Edificações. Governo do Estado do Ceará
Fonte: GUIA DE ACESSIBILIDADE: Espaço Público e Edificações. Governo do Estado do Ceará

 

A União Europeia determinou exigências mínimas no uso habitacional para que a moradia seja considerada “habitação visitável”:

  • O acesso ao interior dos imóveis não apresente degraus ou escadas, e os desníveis existentes sejam superados com rampas ou meios mecânicos;
  • As portas sejam suficientemente largas para permitir passagem de cadeira de rodas;
  • Ao menos 1 banheiro deve ser acessível.

 A “habitação adaptável” é a que permite, com pequenas intervenções, estruturar uma habitação existente a receber uma pessoa PNE.

 No Brasil o debate teve início em 1980. Em 1985, a ABNT criou a primeira norma técnica relativa a acessibilidade, revisada em 2005 NBR 9050/2005. Em 2008, o Brasil ratificou a Convenção da ONU sobre Direitos das Pessoas com Deficiência. A Convenção foi promulgada com equivalência de Emenda Constitucional pelo decreto nº 6.949/2009.

 A sociedade inclusiva é definida pelo respeito e valorização das diferenças; reconhece a igualdade entre as pessoas; considera a diferença um princípio básico; reconhece que a vida pode ser restringida pelo ambiente em volta dela, pelo espaço construído.

 Desenho Universal x Acessibilidade

A legislação de acessibilidade no Brasil refere-se somente à aplicação da NBR 9050 a espaços públicos e de uso comum.

O desenho universal caminha em direção oposta, busca conceber habitações que possam ser utilizadas por qualquer pessoa, em qualquer etapa da vida, com conforto, segurança e integração. Preocupa-se com a qualidade estética, utilizando produtos disponíveis na indústria da construção e eliminando aspectos espaciais discriminatórios.

 O Centro das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (Agenda Habitat) define moradia adequada como:

  • Significa privacidade adequada, espaço adequado, acessibilidade física, segurança adequada, segurança de posse, estabilidade estrutural e durabilidade, iluminação, aquecimento e ventilação adequados, infraestrutura básica adequada (água, esgoto e coleta de lixo), qualidade ambiental e fatores relacionados à saúde apropriados, localização adequada e acessível ao trabalho e outros equipamentos básicos: tudo disponível a um custo acessível.

 A diferença entre uma habitação com Desenho Universal e uma habitação adaptada a pessoa com deficiência está na concepção do projeto. A habitação adaptada é voltada unicamente para pessoas com deficiência, seguindo as regras da NBR 9050. Possui uma série de requisitos específicos, como barras no banheiro, espaço de 60cm ao lado externo das portas para sua abertura adequada, entre outros.

A habitação com Desenho Universal pode ser utilizada por todas as pessoas, e permite adequações. Possibilita reposicionamento de divisórias sem comprometimentos estruturais, tem espaço para instalação de barras de apoio, campainha com sinais sonoros e luminosos, interruptor paralelo, etc.

Exemplos de Desenho Universal:

Fonte: DESENHO UNIVERSAL Habitação de interesse social, Prefeitura de São Paulo
Fonte: DESENHO UNIVERSAL Habitação de interesse social, Prefeitura de São Paulo

 

Fonte: DESENHO UNIVERSAL Habitação de interesse social, Prefeitura de São Paulo
Fonte: DESENHO UNIVERSAL Habitação de interesse social, Prefeitura de São Paulo

 

 

Fonte: DESENHO UNIVERSAL Habitação de interesse social, Prefeitura de São Paulo
Fonte: DESENHO UNIVERSAL Habitação de interesse social, Prefeitura de São Paulo

As diretrizes do Desenho Universal estão organizadas em 3 categorias espaciais :

  1. Unidades habitacionais
  2. Áreas comuns condominiais
  3. Áreas públicas urbanas

Cada uma dessas categorias demandam exigências e orientações específicas, que devem ser observadas pelo projetista.

Até o próximo post!!!!

 

 

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Acessibilidade – parte 3

Sinalização de emergência

  • Nas escadas que interligam os diversos pavimentos, inclusive nas de emergência, junto à porta corta-fogo, deve haver sinalização tátil e visual informando o número do pavimento.
  • Em saídas de emergência devem ser instalados alarmes sonoros e visuais.
  • Alarmes sonoros, bem como os alarmes vibratórios, devem estar associados e sincronizados aos alarmes visuais intermitentes, para alertar as pessoas portadoras de deficiência visual e as pessoas com deficiência auditiva.
  • Recomenda-se que em quartos e sanitários de hotéis, instituições de idosos e hospitais sejam instaladas telefones, campainhas e alarmes de emergência visuais, sonoros e vibratórios.
  • Quando incorporarem escadas de emergência, devem ter previsão de áreas de resgate com sinalização no piso com área do M.R. de 0,80m x 1,20m, localizadas fora do fluxo de circulação e com boa ventilação. Devem ser afixadas instruções sobre a utilização da área de resgate;
  • Devem possuir sinalização tátil e visual junto às portas das saídas de emergência em altura de alcance visual e tátil (aproximadamente 1,20m), informando o numero do pavimento.

Alarmes sonoros

a) ter intensidade e frequência entre 500 Hz e 3 000 Hz;

b) frequência variável alternadamente entre som grave e agudo, se o ambiente tiver muitos obstáculos sonoros (colunas ou vedos);

c) intermitência de 1 a 3 vezes por segundo;

d) intensidade de no mínimo 15 dBA superior ao ruído médio do local ou 5 dBA acima do ruído máximo do local.

Recomenda-se adotar em ambientes internos valores entre 35 dBA e 40 dBA e em ambientes externos, valores entre 60 dBa a 80 dBA, sendo recomendado utilizar o valor de 60 dBA.

Alarmes visuais devem atender às seguintes características:

a) aparência intermitente;

b) luz em xenônio de efeito estroboscópico ou equivalente;

c) intensidade mínima de 75 candelas;

d) taxa de flash entre 1 Hz e 5 Hz;

e) ser instalados a uma altura superior a 2,20 m acima do piso, ou 0,15m inferior em relação ao teto mais baixo;

f) ser instalados a uma distância máxima de 15 m; podem ser instalados num espaçamento maior até o máximo de 30m, quando não houver obstrução visual.

Sinalização de áreas de resgate: A porta de acesso às áreas de resgate deve ser identificada com sinalização em material fotoluminescente ou ser retroiluminada.

NBR 9050 - Resgate
NBR 9050 – Resgate

Acessos e circulação

Pisos: Os pisos devem ter superfície regular, firme, estável e antiderrapante e que não provoque trepidação em dispositivos com rodas. Admite-se inclinação transversal da superfície até 2% para pisos internos e 3% para pisos externos e inclinação longitudinal máxima de 5%. Inclinações superiores a 5% são consideradas rampas. 

Desníveis: de qualquer natureza devem ser evitados em rotas acessíveis. Desníveis superiores a 5 mm até 15 mm devem ser tratados em forma de rampa, com inclinação máxima de 1:2 (50%). Desníveis superiores a 15 mm devem ser considerados como degraus e ser sinalizados.

Grelhas e juntas de dilatação: no sentido transversal ao movimento, dimensão máxima de 15 mm.

Capachos, forrações, carpetes e tapetes: Os capachos devem ser embutidos no piso e nivelados de maneira que eventual desnível não exceda 5mm. A altura da felpa do carpete em rota acessível não deve ser superior a 6 mm. Deve ser evitado o uso de manta ou forro sob o carpete. Deve-se optar por carpetes com maior resistência a compressão e desgaste, que devem ser confeccionados em felpa laçada com fios bem torcidos, com no mínimo, 10 tufos.

 Acessos – Condições gerais

Na adaptação de edificações e equipamentos urbanos existentes deve ser previsto no mínimo 1 acesso, vinculado através de rota acessível à circulação principal e às circulações de emergência, quando existirem. Nestes casos a distância entre cada entrada acessível e as demais não pode ser superior a 50m.

 

Rotas de fuga

NBR 9050 - Rota de Fuga
NBR 9050 – Rota de Fuga

Nas áreas de resgate deve ser previsto o espaço para um M.R. a cada 500 pessoas ou fração. 

Áreas de descanso: Recomenda-se prever uma área de descanso, fora da faixa de circulação, a cada 50m, para piso com até 3% de inclinação, ou a cada 30 m, para piso de 3% a 5% de inclinação. Estas áreas devem estar dimensionadas para permitir também a manobra de cadeiras de rodas.

Rampas:

  • A largura das rampas (L) deve ser determinada pelo volume do fluxo de pessoas, recomendando-se largura mínima livre de 1,50m; sendo a largura mínima admissível de 1,20m;
  • Devem existir patamares no início, no final e em cada segmento de rampa, com comprimento recomendado de 1,50m; sendo a largura mínima admissível de 1,20m;A
  • a inclinação das rampas deve ser calculada segundo a seguinte equação:

formula rampa

NBR 9050 - Dimensionamento de rampas
NBR 9050 – Dimensionamento de rampas

Em reformas podem ser utilizadas inclinações superiores a 8,33% (1:12) até 12,5% (1:8).

Segundo NBR 9077:

  • A declividade máxima das rampas externas à edificação deve ser de 10%
  • As declividades máximas das rampas internas devem ser de:
  •  10% nas edificações de ocupações residenciais, hospedagem, educacional e cultural, reunião de público e serviços de saúde e institucionais;
  • 12,5%, isto é, 1:8, quando o sentido de saída é na descida, nas edificações de ocupações de serviços automotivos e profissionais, pessoais e técnicos (banco, lavanderia, cabeleileiro); sendo a saída em rampa ascendente, a inclinação máxima é de 10%;
  •  12,5% (1:8), nas ocupações comercial varejista, industrial, comercial de alto risco, atacadista e depósito.
  • Quando, em ocupações em que sejam admitidas rampas de mais de 10% em ambos os sentidos, o sentido da saída for ascendente, deve ser dado um acréscimo de 25% na largura.
NBR 9050 - Dimensionamento de rampa ocasiões excepcionais
NBR 9050 – Dimensionamento de rampa ocasiões excepcionais
  • A projeção dos corrimãos pode incidir dentro da largura mínima admissível da rampa em até 10 cm de cada lado.
rampa
NBR 9050

 

  • Quando não houver paredes laterais as rampas devem incorporar guias de balizamento com altura mínima de 0,05 m, instaladas ou construídas nos limites da largura da rampa e na projeção dos guarda-corpos,
  •  Em edificações existentes, quando a construção de rampas nas larguras indicadas ou a adaptação da largura das rampas for impraticável, podem ser executadas rampas com largura mínima de 0,90m com segmentos de no máximo 4,00 m, medidos na sua projeção horizontal.
  • Para rampas em curva, a inclinação máxima admissível é de 8,33% (1:12) e o raio mínimo de 3,00 m, medido no perímetro interno à curva.
NBR 9050
NBR 9050

Degraus e escadas fixas em rotas acessíveis: Nas rotas acessíveis não devem ser utilizados degraus e escadas fixas com espelhos vazados. 

Bocel ou espelho inclinado: projeção da aresta pode avançar no máximo 1,5 cm sobre o piso. 

Dimensionamento de degraus isolados: Devem ser evitados espelhos com dimensão entre 1,5cm e 15cm. Para degraus isolados espelho com altura entre 0,15m e 0,18m.

 

Dimensionamento de escadas fixas:

a) pisos (p): 0,28 m < p < 0,32 m; 

b) espelhos (e) 0,16 m < e < 0,18 m; 

c) 0,63 m < p + 2e < 0,65 m.

 

Escadas fixas

  •  A inclinação transversal não deve exceder 1%.
  •  A largura mínima recomendável para escadas fixas em rotas acessíveis é de 1,50 m, sendo o mínimo admissível 1,20 m.
  • O primeiro e o último degraus de um lance de escada devem distar no mínimo 0,30 m da área de circulação adjacente e devem estar sinalizados.

Patamares das escadas: As escadas fixas devem ter no mínimo um patamar a cada 3,20 m de desnível e sempre que houver mudança de direção. – A NBR 9077 fala 3,70m

 

  • Entre os lances de escada devem ser previstos patamares com dimensão longitudinal mínima de 1,20 m. Os patamares situados em mudanças de direção devem ter dimensões iguais à largura da escada.
  • A inclinação transversal dos patamares não pode exceder 1% em escadas internas e 2% em escadas externas.

Corrimãos e guarda-corpos

  • Os corrimãos devem ser instalados em ambos os lados dos degraus isolados, das escadas fixas e das rampas.
  • Deve ser deixado um espaço livre de no mínimo 4,0 cm entre a parede e o corrimão.
  • Os corrimãos laterais devem prolongar-se pelo menos 30 cm antes do início e após o término da rampa ou escada, sem interferir com áreas de circulação ou prejudicar a vazão. Em edificações existentes, onde for impraticável promover o prolongamento do corrimão pode ser feito ao longo da área de circulação ou fixado na parede adjacente.
NBR 9050 - Prolongamento do corrimão
NBR 9050 – Prolongamento do corrimão

 

  • Em degraus isolados e escadas, a altura dos corrimãos deve ser de 0,92 m do piso, medidos de sua geratriz superior.
  • Para rampas e opcionalmente para escadas, os corrimãos laterais devem ser instalados a duas alturas: 0,92 m e 0,70 m do piso, medidos da geratriz superior.
NBR 9050 - Altura do corrimão
NBR 9050 – Altura do corrimão
  • Os corrimãos laterais devem ser contínuos, sem interrupção nos patamares das escadas ou rampas.
NBR 9050
NBR 9050

 

  • Quando se tratar de escadas ou rampas com largura superior a 2,40m, é necessária a instalação de corrimão intermediário. (no código de obras de BSB,  é 4m a exigência).
NBR 9050

 

  • Os corrimãos intermediários somente devem ser interrompidos quando o comprimento do patamar for superior a 1,40 m, garantindo o espaçamento mínimo de 0,80 m entre o término de um segmento e o início do seguinte.

 

Guarda-corpos

  • As escadas e rampas que não forem isoladas das áreas adjacentes por paredes devem dispor de guarda-corpo associado ao corrimão

 

NBR 9050
NBR 9050

 

 

Equipamentos eletromecânicos: Externamente ao elevador deve haver sinalização tátil e visual informando:

a) instrução de uso, fixada próximo à botoeira;

b) indicação da posição para embarque;

c) indicação dos pavimentos atendidos.  

 

Plataforma elevatória de percurso vertical

  • A plataforma deve vencer desníveis de até 2,0 m em edificações de uso público ou coletivo e desníveis de até 4,0 m em edificações de uso particular, para plataformas de percurso aberto. Neste caso, devem ter fechamento contínuo, sem vãos, em todas as laterais até a altura de 1,10 m do piso da plataforma.
  • A plataforma deve vencer desníveis de até 9,0 m em edificações de uso público ou coletivo, somente com caixa enclausurada (percurso fechado).

Plataforma elevatória de percurso inclinado

  •  A plataforma elevatória de percurso inclinado pode ser utilizada em edificações de uso público ou coletivo, desde que haja parada programada nos patamares ou pelo menos a cada 3,20 m de desnível. Deve ser previsto assento escamoteável para uso de pessoas com mobilidade reduzida.

Nas esteiras rolantes com inclinação superior a 5%, deve haver sinalização visual informando a obrigatoriedade de acompanhamento por pessoal habilitado durante sua utilização por pessoas em cadeira de rodas.

 

Circulação interna

 Largura de Corredores 

  • 0,90 m para corredores de uso comum com extensão até 4,00 m;
  • 1,20 m para corredores de uso comum com extensão até 10,00 m; e 1,50 m para corredores com extensão superior a 10,00 m;
  • 1,50 m para corredores de uso público;
  • Maior que 1,50 m para grandes fluxos de pessoas.

OBS: Em edificações e equipamentos urbanos existentes onde a adequação dos corredores seja impraticável, devem ser implantados bolsões de retorno com dimensões que permitam a manobra completa de uma cadeira de rodas (180°), sendo no mínimo um bolsão a cada 15,00 m. Neste caso, a largura mínima de corredor em rota acessível deve ser de 0,90 m.

 

Portas