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Sistemas prediais: Esgoto Sanitário- parte 3

1.Altura dos pontos residenciais

  • MLR: 70/80cm
  • Mictório com sifão externo: 37cm
  • Tanque: 40cm
  • Lavatório: 50cm
  • Pia de cozinha: 60cm
  • MLL: 70cm
  • Bidê: no chão
  • Banheira: possui 2 esgotamento, um pelo ladrão e outro pela válvula de fundo, sendo única a ligação com o ralo sifonado.

2.Tubulação

2.1.Diâmetro Nominal

  • Os ramais de descarga de um chuveiro devem possuir o DN de 40mm
  • Os ramais de descarga de um vaso sanitário devem possuir o DN de 100 mm.

2.2.Acabamentos

  • Para as instalações sanitárias: tubulações de ferro fundido do tipo esgoto, com juntas tomadas com estopa e chumbo derretido e rebatido após a solidificação.
  • Para as tubulações enterradas pode-se utilizar tubulações de cerâmica vidrada internamente, com juntas tomadas com estopa e asfalto a quente.

3.Considerações de projeto

  • Evitar a contaminação da água, de forma a garantir a sua qualidade de consumo, tanto no interior dos sistemas de suprimento e de equipamentos sanitários, como nos ambientes receptores;
  • Permitir o rápido escoamento da água utilizada e dos despejos introduzidos, evitando a ocorrência de vazamentos e a formação de depósitos no interior das tubulações;
  • Impedir que os gases provenientes do interior do sistema predial de esgoto sanitário atinjam áreas de utilização;
  • Impossibilitar o acesso de corpos estranhos ao interior do sistema;
  • Permitir que os seus componentes sejam facilmente inspecionáveis;
  • Impossibilitar o acesso de esgoto ao subsistema de ventilação;
  • Permitir a fixação dos aparelhos sanitários somente por dispositivos que facilitem a sua remoção para eventuais manutenções.

3.1.Símbolos de Projeto

Símbolos para Projeto
Símbolos para Projeto

 

Bons Estudos!

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Sistemas prediais: Esgoto Sanitário-parte 2

1.Partes constituintes

a.Esgoto primário: canalização na qual tem acesso os gases provenientes do coletor público ou dos dispositivos de tratamento.

b.Esgoto secundário: é parte da instalação à qual os gases e animais não tem acesso. São aparelhos e a canalização que vem antes dos desconectores (fecho-hídrico). Deve ser lançado no primário por meio de um fecho-hídrico, existentes na bacia sanitária, no ralo sifonado, na caixa de gordura e na caixa sifonada.

 

esgoto

2.Componentes do subsistema de coleta e transporte de esgoto sanitário

a.Aparelho Sanitário: liga-se à tubulação primária

b.Desconector: dispositivo de fecho hídrico destinado a vedar a passagem de gases e animais para o interior da edificação. Desconecta o esgoto primário do secundário. Todos os aparelhos sanitários devem ser protegidos por desconectores individualmente ou a um conjunto de aparelhos de uma mesma unidade autônoma

  • Podem ser utilizadas caixas sifonadas para a coleta dos despejos de conjuntos de aparelhos sanitários, tais como lavatórios, bidês, banheiras e chuveiros de uma mesma unidade autônoma, assim como as águas provenientes de lavagem de pisos, devendo ser providas de grelhas.
  • As caixas sifonadas que coletam despejos de mictórios devem ter tampas cegas e não podem receber contribuições de outros aparelhos sanitários, mesmo providos de desconector próprio.

Obs.: deve ser assegurada a manutenção do fecho hídrico (evaporação, sucção, sobrepressão, etc.).

c.Barrilete de ventilação: Tubulação horizontal com saída para a atmosfera em um ponto, destinada a receber dois ou mais tubos ventiladores.

d.Caixa coletora: Caixa onde se reúnem os efluentes líquidos, cuja disposição exija elevação mecânica.

e.Caixa sifonada: Caixa provida de desconector, destinada a receber efluentes da instalação secundária de esgoto.

f.Caixa de gordura: Caixa destinada a reter, na sua parte superior, as gorduras, graxas e óleos contidos no esgoto, formando camadas que devem ser removidas periodicamente, evitando que estes componentes escoem livremente pela rede, obstruindo-a.

  • As pias de cozinha ou máquinas de lavar louças instaladas em vários pavimentos sobrepostos devem descarregar em tubos de queda exclusivos que conduzam o esgoto para caixas de gordura coletivas, sendo vedado o uso de caixas de gordura individuais nos andares.

g.Caixa de inspeção: Caixa destinada a permitir a inspeção, limpeza, desobstrução, junção, mudanças de declividade e/ou direção das tubulações.

  • A caixa de inspeção pode ser usada para receber efluentes fecais. (do térreo)
  • Entre 2 inspeções só pode haver uma deflexão < 90º e com curva longa;
  • A distância entre 2 inspeções deve ser < 25m;
  • Podem ser de diâmetro ou largura de 40 ou 60cm.
  • Não devem ser colocadas caixas de inspeção ou poços de visita em ambientes pertencentes a uma unidade autônoma, quando eles recebem a contribuição de despejos de outras unidades autônomas.
  • A NBR exige que haja uma separação atmosférica computada na vertical entre a saída d’água da peça de utilização e o nível de transbordamento dos aparelhos sanitários, caixas de descarga e reservatórios. Essa separação mínima deve ser de 2x o diâmetro da peça de utilização. Essa separação visa evitar a contaminação da água pelo fenômeno da “retrossifonagem”.

h.Retrossifonagem: refluxo de água usada, proveniente de um reservatório, aparelho sanitário ou de qualquer outro recipiente, para o interior de uma tubulação, devido à sua pressão ser inferior à atmosférica.

i.Ralo seco: Recipiente sem proteção hídrica, dotado de grelha na parte superior, destinado a receber águas de lavagem de piso ou de chuveiro.

j.Ralo sifonado: Recipiente dotado de desconector, com grelha na parte superior, destinado a receber águas de lavagem de pisos ou de chuveiro.

k.RD- Ramal de descarga: tubulação que recebe diretamente efluentes de aparelho sanitário.

l.RE- Ramal de esgoto: Tubulação primária que recebe os efluentes dos ramais de descarga diretamente ou a partir de um desconector.

  • É vedada a ligação de ramal de descarga ou ramal de esgoto, por meio de inspeção existente em joelho ou curva, ao ramal de descarga de bacia sanitária.
  • Os comprimentos dos trechos dos ramais de descarga e de esgoto de bacias sanitárias, caixas de gordura, caixas sifonadas, e os dispositivos de inspeção, não devem ser superiores a 10,00 m.

m. Coletor predial: Trecho de tubulação compreendido entre a última inserção de subcoletor, ramal de esgoto ou de descarga, ou caixa de inspeção geral e o coletor público ou sistema particular.

  • O coletor predial e os subcoletores devem ser de preferência retilíneos. Quando necessário, os desvios devem ser feitos com peças com ângulo central igual ou inferior a 45°, acompanhados de elementos que permitam a inspeção.
  • A distância entre a ligação do coletor predial com o público e o dispositivo de inspeção mais próximo não deve ser superior a 15,00 m; e
  • Os desvios, as mudanças de declividade e a junção de tubulações enterradas devem ser feitos mediante o emprego de caixas de inspeção ou poços de visita.
  • Em prédios com mais de dois pavimentos, as caixas de inspeção não devem ser instaladas a menos de 2,00 m de distância dos tubos de queda que contribuem para elas.

Obs: Todos os trechos horizontais devem possibilitar o escoamento dos efluentes por gravidade, devendo, para isso, apresentar uma declividade constante.

Declividades mínimas:

  • 2% para tubulações com diâmetro nominal igual ou inferior a 75;
  • 1% para tubulações com diâmetro nominal igual ou superior a 100.
  • As mudanças de direção nos trechos horizontais devem ser feitas com peças com ângulo central igual ou inferior a 45°.
  • As mudanças de direção (horizontal para vertical e vice-versa) podem ser executadas com peças com ângulo central igual ou inferior a 90°.

n. CV- Coluna de ventilação: Tubo ventilador vertical que se prolonga por meio de um ou mais andares e cuja extremidade superior é aberta à atmosfera, ou ligada a tubo ventilador primário ou a barrilete de ventilação.

  • Deve ser previsto um tubo ventilador suplementar a cada grupo de no máximo 8 bacias sanitárias, contadas a partir da mais próxima ao tubo de queda
  • Toda coluna de ventilação deve ter:

i. diâmetro uniforme;

ii. a extremidade inferior ligada a um subcoletor ou a um tubo de queda, em ponto situado abaixo da ligação do primeiro ramal de esgoto ou de descarga, ou neste ramal de esgoto ou de descarga;

iii. a extremidade superior situada acima da cobertura do edifício, ou ligada a um tubo ventilador primário a 0,15m, ou mais, acima do nível de transbordamento da água do mais elevado aparelho sanitário por ele servido.

o.Ramal de ventilação: Tubo ventilador que interliga o desconector, ou ramal de descarga, ou ramal de esgoto de um ou mais aparelhos sanitários a uma coluna de ventilação ou a um tubo ventilador primário. (Liga o esgoto primário à coluna de ventilação)

Ligação de ramal de ventilação
Ligação de ramal de ventilação

 

p.TQ- Tubo de queda: tubulação vertical que recebe efluentes de subcoletores, ramais de esgoto e ramais de descarga.

  • Apenas são ligados nos tubos de queda os ramais de esgoto do 1º pavimento para cima. Os do térreo são ligados a caixa de inspeção
  • Devem, sempre que possível, ser instalados em um único alinhamento. Quando necessários, os desvios devem ser feitos com peças formando ângulo central igual ou inferior a 90°, de preferência com curvas de raio longo ou duas curvas de 45°.

q.Sifão: Desconector destinado a receber efluentes do sistema predial de esgoto sanitário.

r.Tubulação de ventilação primária: Prolongamento do tubo de queda acima do ramal mais alto a ele ligado e com extremidade superior aberta à atmosfera situada acima da cobertura do prédio

s.Tubulação de ventilação secundária: Conjunto de tubos e conexões com a finalidade de promover a ventilação secundária do sistema predial de esgoto sanitário

t.Dispositivos de acesso a tubulação e desobstrução: caixa de gordura; caixa de inspeção; desconector; sifão; visita.

 

3.Esquema de ligação:

esgoto 2

  • Lavatórios, banheiras, chuveiros, bidê, tanque, ralo e caixa sifonada ligam-se a tubulação primária usando sifões e tubulação secundárias.
  • Pia de cozinha, MLL : ligam-se às caixas de gordura e tubos de queda.
  • As pias de cozinha ou máquinas de lavar louças instaladas em vários pavimentos sobrepostos devem descarregar em tubos de queda exclusivos que conduzam o esgoto para caixas de gordura coletivas, sendo vedado o uso de caixas de gordura individuais nos andares.
  • Pia de despejo liga-se à tubulação primária usando sifão.
  • Despejos de máquinas de lavar ou tanques podem ser descarregados em tubos de queda exclusivos contendo caixa sifonadas especial no seu final (térreo) para evitar retorno de gases.
  • Mictório liga-se a caixa sifonada.
  • Um desconector só pode receber descarga dos aparellhos do ambiente onde ele está instalado.
  • Todo trecho de tubulação deve ser acessível.

OBS: Deve ser evitada a passagem das tubulações de esgoto em paredes, rebaixos, forros falsos, etc. de ambientes de permanência prolongada. Caso não seja possível, devem ser adotadas medidas no sentido de atenuar a transmissão de ruído para os referidos ambientes.

Sistema predial de esgoto sanitário com ventilação secundária
Sistema predial de esgoto sanitário com ventilação secundária
  • O tubo ventilador primário e a coluna de ventilação devem ser verticais e, sempre que possível, instalados em uma única prumada; quando necessárias, as mudanças de direção devem ser feitas mediante curvas de ângulo central não superior a 90°, e com um aclive mínimo de 1%.
  • Em prédios de um só pavimento, deve existir pelo menos um tubo ventilador, ligado diretamente a uma caixa de inspeção ou em junção ao coletor predial, subcoletor ou ramal de descarga de uma bacia sanitária e prolongado até acima da cobertura desse prédio, devendo-se prever a ligação de todos os desconectores a um elemento ventilado.
  • Quando não for conveniente o prolongamento de cada tubo ventilador até acima da cobertura, pode ser usado um barrilete de ventilação, a ser executado com aclive mínimo de 1% até o trecho prolongado.

 

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Sistemas prediais: Esgoto Sanitário- parte 1

Fonte: NBR 8160, Apostila de Esgoto Sanitário CAESB

 

1.Tipos de Esgotos

a.Esgotos Domésticos: incluem as águas contendo matéria fecal e as águas servidas, resultantes de banho e de lavagem de utensílios e roupas;

b.Esgotos Industriais: compreendem os resíduos orgânicos, de indústria de alimentos, matadouros, etc.; as águas residuárias agressivas, procedentes de indústrias de metais, etc.; as águas residuárias procedentes de indústrias de cerâmica, água de refrigeração, etc.;

c.Águas Pluviais: são as águas procedentes das chuvas;

d.Água de Infiltração: são as águas do subsolo que se introduzem na rede.

2.Tipos de Sistemas

a.Sistema Unitário: consiste na coleta de águas pluviais, dos esgotos domésticos e dos despejos industriais em um único coletor.

  • Além da vantagem de permitir a implantação de um único sistema, é vantajoso quando for previsto o lançamento do esgoto bruto, sem inconveniente em um corpo receptor próximo.
  • No dimensionamento do sistema devem ser previstas as precipitações máximas com período de recorrência geralmente entre 5 e 10 anos.
  • Como desvantagem, apresenta custo de implantação elevado e problemas de deposições de material nos coletores por ocasião da estiagem.
  • Quanto ao tratamento, o custo de implantação é também elevado tendo em vista que a estação deve ser projetada com capacidade máxima que, no sistema unitário, ocorre durante as chuvas. A operação é prejudicada pela brusca variação da vazão na época das chuvas, afetando do mesmo modo a qualidade do efluente.

 

b.Sistema Separador Absoluto: o esgoto doméstico e o industrial ficam completamente separados do esgoto pluvial. É o sistema adotado no Brasil. O custo de implantação é menor que o do sistema anterior, em virtude das seguintes razões:

  • as águas pluviais não oferecem o mesmo perigo que o esgoto doméstico, podendo ser encaminhadas aos corpos receptores (rios, lagos, etc.) sem tratamento, este será projetado apenas para o esgoto doméstico;
  • nem todas as ruas de uma cidade necessitam de rede de esgotamento pluvial. De acordo com a declividade das ruas, a própria sarjeta se encarregará do escoamento, reduzindo assim, a extensão da rede pluvial;
  • esgoto doméstico deve ter prioridade, por representar um problema de saúde pública. O diâmetro dos coletores é mais reduzidos;
  • nem todo esgoto industrial pode ser encaminhado diretamente ao esgoto sanitário. Dependendo de sua natureza e das exigências regulamentares, terá que passar por tratamento prévio ou ser encaminhado à rede própria.

 

b. Sistema Misto: a rede é projetada para receber o esgoto sanitário e mais uma parcela das águas pluviais. A coleta dessa parcela varia de um país para outro. Em alguns países colhe-se apenas as águas dos telhados; em outros, um dispositivo colocado nas bocas de lobo recolhe as águas das chuvas mínimas e limita a contribuição das chuvas de grande intensidade.

3.Unidades de um sistema convencional de esgotos:

a.Ramal predial: transportam os esgotos das edificações até a rede pública de coleta;

b.Coletores de esgoto: recebem os esgotos das edificações, transportando-os aos coletores trocos;

c.Coletor tronco: tubulação da rede que recebe os coletores de esgoto, não recebe aporte direto de edificações;

d.Interceptor: ocorrem nos fundos de vale margeando corpos d´agua, evitando que o esgoto aporte a esses corpos hídricos. Recebem contribuições dos coletores tronco. Geralmente possuem diâmetro maiores que o coletor tronco em função de maior vazão;

e.Emissários: similar aos interceptores, porém não recebem contribuição ao longo do seu trajeto (a entrada é apenas na ponta do montante). Transportam o esgoto ao seu destino final (corpo hídrico ou ETE)

f.ETE: conjunto de obras e instalações destinadas a realizar a depuração do esgoto, remover os poluentes dos esgotos;

g.Disposição final: após seu tratamento ou transporte a local adequado, o esgoto é lançado em um corpo hídrico denominado corpo receptor. Eventualmente o esgoto pode ser aplicado direto ao solo. Em ambos os casos o esgoto passa a ser depurado naturalmente, de acordo com a capacidade de autodepuração do corpo receptor e a quantidade de poluentes nele presente.

Durante o trajeto das águas residuárias há os seguintes componentes:

h.Poços de visita: câmaras que permitem a inspeção e limpeza da rede coletora de esgotos. São divididos em poços de visita ou poços de inspeção. Costumam ser instalados no início da rede coletora e nas mudanças de declividade, direção, diâmetro ou material de construção.

i.Poços de inspeção: não é possível a visitação.

j.Caixas de passagem: são câmaras sem acesso, localizadas em pontos singulares (mudança de direção da tubulação) por necessidade construtiva.

k.Sifão invertido: obra destinada a transposição de obstáculo imposto no traçado da rede coletora de esgoto, sem instalação de estações elevatórias. Há o rebaixamento para que a canalização passe por baixo do obstáculo. Trabalha abaixo da linha piezométrica, sob pressão.

l.Estação elevatória: instalação hidráulica dotada de bombas para transferir os esgotos de uma cota mais baixa para uma mais alta. Utilizada quando as profundidades das tubulações apresentam-se bastante elevadas, devido à baixa declividade do terreno e necessidade de fornecer tração mínima para o escoamento do esgoto ou pela necessidade de se transpor obstáculos;

m.Linha de recalque: primeiros trechos subsequentes às estações elevatórias. Encontram-se sob pressão.

n.Dispositivo gerador de descarga (DGD) e tanques fluxíveis: tanques localizados nas cabeceiras da rede de esgotos, ou em pontos intermediários, que liberam descargas de água algumas vezes ao dia, promovendo a lavagem da rede coletora –em desuso.

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Drenagem Urbana- parte 3

  1. Impactos na drenagem urbana

A política na drenagem urbana, que prioriza a simples transferência de escoamento, e a falta de controle da ocupação das áreas ribeirinhas têm produzido impactos significativos que são os seguintes:

  • aumento das vazões máximas (em até 7 vezes) devido à ampliação da capacidade de escoamento de condutos e canais, para comportar os acréscimos de vazão gerados pela impermeabilização das superfícies;
  • aumento da produção de sedimentos devido à desproteção das superfícies e a produção de resíduos sólidos (lixo);
  • deterioração da qualidade da água superficial e subterrânea devido a lavagem das ruas, transporte de material sólido, contaminação de aquíferos e as ligações clandestinas de esgoto cloacal e pluvial;
  • danos materiais e humanos para a população que ocupa as áreas ribeirinhas sujeitas às inundações;
  • impactos que ocorrem devido à forma desorganizada como a infraestrutura urbana é implantada, podendo ser citadas: pontes e taludes de estradas que obstruem o escoamento; redução de seção do escoamento por aterros; deposição e obstrução de rios, canais e condutos por lixo e sedimentos; projetos e obras de drenagem inadequadas.

1.1 Impactos devido à urbanização

 

O desenvolvimento urbano modifica a cobertura vegetal, provocando vários efeitos que alteram os componentes do ciclo hidrológico natural. Com a urbanização, a cobertura da bacia é alterada para pavimentos impermeáveis e são introduzidos condutos para escoamento pluvial, gerando as seguintes modificações no referido ciclo:

  • Redução da infiltração no solo;
  • O volume que deixa de infiltrar fica na superfície, aumentando o escoamento superficial. Como foram construídos condutos para o esgotamento das águas pluviais, é reduzido o tempo de deslocamento com velocidades maiores. Desta forma, as vazões máximas também aumentam, antecipando seus picos no tempo;
  • Com a redução da infiltração, há uma redução do nível do lençol freático por falta de alimentação (principalmente quando a área urbana é muito extensa), reduzindo o escoamento subterrâneo. Em alguns casos, as redes de abastecimento de água e de esgotamento cloacal possuem vazamentos que podem alimentar os aquíferos, podendo levar à contaminação;
  • Devido a substituição da cobertura natural ocorre uma redução da evapotranspiração das folhagens e do solo, já que a superfície urbana não retém água como a cobertura vegetal.

1.2 Impacto Ambiental sobre o ecossistema aquático

 

Com o desenvolvimento urbano, vários elementos antrópicos são introduzidos na bacia hidrográfica e passam a atuar sobre o ambiente. Alguns dos principais problemas são os seguintes:

a. Aumento da Temperatura: As superfícies impermeáveis absorvem parte da energia solar, aumentando a temperatura ambiente, produzindo ilhas de calor nos centros urbanos, onde predomina o concreto e o asfalto. O asfalto, devido a sua cor, absorve mais energia que as superfícies naturais, e o concreto, à medida que a sua superfície envelhece, tende a escurecer e aumentar a absorção de radiação solar. O aumento da absorção de radiação solar por parte da superfície aumenta a emissão de radiação térmica de volta para o ambiente, gerando o calor. O aumento de temperatura também cria condições de movimento de ar ascendente que pode criar aumento de precipitação. Como na área urbana as precipitações críticas mais intensas são as de baixa duração, esta condição contribui para agravar as enchentes urbanas.

b. Aumento de Sedimentos e Material Sólido: Durante o desenvolvimento urbano, o aumento dos sedimentos produzidos na bacia hidrográfica é significativo, devido às construções, limpeza de terrenos para novos loteamentos, construção de ruas, avenidas e rodovias entre outras causas.

São consequências ambientais da produção de sedimentos:

  • assoreamento das seções da drenagem, com redução da capacidade de escoamento de condutos, rios e lagos urbanos.
  •  transporte de poluentes agregados ao sedimento, que contaminam as águas pluviais.

 À medida que a bacia é urbanizada, e a densificação consolidada, a produção de sedimentos pode reduzir, mas um outro problema aparece, que é a produção de lixo. O lixo obstrui ainda mais as redes de drenagem e cria condições ambientais ainda piores. Esse problema somente é minimizado com a adequada frequência da coleta, educação da população e multas pesadas.

c. Qualidade da Água Pluvial: A qualidade da água pluvial não é melhor que a do efluente de um tratamento secundário. A quantidade de material suspenso na drenagem pluvial é superior à encontrada no esgoto in natura, sendo que esse volume é mais significativo no início das enchentes.

d. Contaminação de aquíferos: As principais condições de contaminação dos aquíferos urbanos ocorrem devido aos seguintes fatos:

  •  Aterros sanitários contaminam as águas subterrâneas pelo processo natural de precipitação e infiltração. Portanto, deve-se evitar que sejam construídos aterros sanitários em áreas de recarga além de procurar escolher as áreas com baixa permeabilidade. Os efeitos da contaminação nas águas subterrâneas devem ser examinados quando é realizada a escolha do local do aterro;
  • Grande parte das cidades brasileiras utilizam fossas sépticas como destino final do esgoto. Esse efluente tende a contaminar a parte superior do aquífero. Esta contaminação pode comprometer o abastecimento de água urbana quando existe comunicação entre diferentes camadas dos aquíferos por percolação e de perfuração inadequada dos poços artesianos;
  • A rede de condutos de pluviais pode contaminar o solo por meio de perdas de volume no seu transporte e até por entupimento de trechos da rede que pressionam a água contaminada para fora do sistema de condutos.

Como em drenagem urbana, o impacto da urbanização é transferido para jusante, quem produz o impacto geralmente não é o mesmo que sofre o impacto. Portanto, para um disciplinamento do problema é necessário a interferência da ação pública pela regulamentação e pelo planejamento.

2. Indicações para minimizar os problemas da Drenagem Urbana

Para alterar essa tendência é necessário considerar o seguinte:

  • O aumento de vazão devido à urbanização não deve ser transferido para jusante;
  • Deve-se priorizar a recuperação da infiltração natural da bacia, visando a redução dos impactos ambientais;
  • A bacia hidrográfica deve ser o domínio físico de avaliação dos impactos resultantes de novos empreendimentos, visto que a água não respeita limites políticos;
  • O horizonte de avaliação deve contemplar futuras ocupações urbanas;
  • As áreas ribeirinhas somente poderão ser ocupadas a partir de um zoneamento que contemple as condições de enchentes;
  • As medidas de controle devem ser preferencialmente não-estruturais.

Importante! Os problemas causados pela drenagem pluvial são proporcionais à falta de investimentos nessa área.

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Drenagem Urbana- parte 2

1.Importância do traçado para o custo e a eficiência da drenagem:

  • O custo cresce de acordo com a área. Quando a área da bacia cresce 4 vezes, o custo cresce 9. O escoamento está relacionado à gravidade e o estudo das condições topográficas é fundamental para eficiência da implantação.
  • Declividade ideal: até 4%. Entre 4 e 6% os custos são parecidos, e acima de 6% os custos sobem. Declividades pequenas aumentam os custos porque implicam em tubulações com maior extensão e diâmetro. Grandes declividades necessitam de medidas especiais para conter erosão.
  • Trajetórias em ziguezague devem ser evitadas, visto que as mudanças bruscas de direção nas tubulações de maneira geral, levam à erosão, eventualmente também pode ocorrer depósito de sólidos.

2.Os elementos que compõem o sistema de drenagem urbana:

  • Bocas de lobo: são caixas de captação que conduzem a água da sarjeta até as galerias. Existem três modelos de bocas de lobo:

i. captação lateral: a capacidade é inversamente proporcional à declividade da via e diretamente proporcional à lâmina d’água e ao comprimento da boca de lobo; sistema mais usado;

ii. captação vertical: mais eficiente se estiver em cota abaixo da do sarjetão. Quanto maior a altura da lâmina d ‘água, mais fácil para a água ser captada, também depende da área de abertura da grade. Com relação à hidráulica, este é o modelo mais eficiente, mas, conta com o problema do lixo nas ruas que dificulta e até mesmo impede seu funcionamento, e também com o roubo das tampas de ferro fundido.

iii. sistema combinado: junção dos dois anteriores, tem a maior absorção. As grades não devem ser colocadas horizontalmente pois isto dificulta a captação. A seção da via pode contribuir ou atrapalhar o sistema, seções parabólicas facilitam o escoamento e comprimem a água e aumentam o desempenho da boca de lobo.

Atenção: as bocas de lobo têm tamanho padrão, se necessário são instaladas duas ou mais unidades.

  • Condutos de ligação: dutos que partem da boca de lobo e conduzem a caudal até outra boca de lobo, caixa de ligação ou poço de visita. Diâmetros mais comuns são os de 300 e 400 mm. Considera-se para fins de vazão, a seção plena.
  • Caixas de ligação: são pouco utilizadas por aumentarem os custos, unem condutos à galerias ou vários condutos. Não são visitáveis.
  • Poço de visita: permite inspeção e limpeza do sistema. As dimensões mínimas são – 2 m de altura e diâmetro de 0,6 m. Se os poços forem profundos, devem possuir chaminé. Usualmente as paredes são de tijolos ou concreto e o fundo em concreto. Mudanças de direção, diâmetro, e declividade implicam a construção de poços de visita. O limite máximo recomendado entre dois poços é de 100 m; quanto menor for a velocidade da água e menor o diâmetro da galeria, menor deve ser a distância entre poços.
  • Galerias: são os dutos principais que conduzem o caudal ao destino final. Normalmente estão locadas nos eixos de ruas e devem ter um recobrimento mínimo de 1m e diâmetro mínimo de 400 mm. Para fins de dimensionamento, considera-se a capacidade como sendo 90% da seção plena. O assentamento deve ser de jusante para montante. Comparando os custos totais de tubos de concreto pré-moldado e galerias moldadas “in loco”, a segunda custa cerca de 20% mais. No entanto, para grande vazões que não possam ser atendidas por uma galeria de pré-fabricada de 1500 mm, a galeria feita no local gera uma economia de 15%.
  • Sarjetões: são elementos situados em cruzamentos de vias. Para permitir o escoamento da água entre dois sarjetões são feitos “pés-de-galinha” (sulcos).

OBS:

  • O sistema convencional atual é formado por: ruas, com suas guias e sarjetas; áreas alagáveis e rede de tubulação.
  • Em relação aos custos, o menor deles é atribuído à tubulação. Cerca de 60% do valor é relativo aos serviços necessários para implantação (escavação, remoção de terra, lastro, reassentamento, etc.), e não do tubo propriamente dito. Para tubulações de grande diâmetro esta relação se inverte.
  • Poços de visita e bocas de lobo equivalem a cerca de 14% do custo total do sistema.
  • A drenagem nas vias acontece com o auxílio do meio-fio, das sarjetas e dos sarjetões.
  • A altura do meio-fio e o perfil da sarjeta ideais são, respectivamente 15 cm e 50 cm, baseados na abertura da porta de veículos e do passo de um adulto. Mas há critérios que também devem ser relevantes como a rugosidade, declividade, etc.

Disposição dos componentes

  •  Traçado preliminar – por meio de critérios usuais de drenagem urbana, devem ser estudados diversos traçados da rede de galerias, considerando-se os dados topográficos existentes e o pré-dimensionamento hidrológico e hidráulico. A definição da concepção inicial é mais importante para a economia global do sistema do que os estudos posteriores de detalhamento do projeto, de especificação de materiais, etc.  Esse trabalho   deve ser desenvolvido simultaneamente ao plano urbanístico das  ruas  e  das quadras, pois, caso contrário, ficam impostas, ao sistema de drenagem, restrições que levam sempre a maiores custos. O sistema de galerias deve ser planejado de forma homogênea, proporcionando, a todas as áreas, condições adequadas de drenagem.
  • Coletores –  existem duas hipóteses para a locação da rede coletora de águas pluviais:

i. no passeio, a 1/3 da guia (meio-fio) e

ii. a menos utilizada, sob o eixo da via pública.

  • Bocas-de-Lobo – a locação das bocas-de-lobo deve considerar as seguintes recomendações:

a. serão locadas em ambos os lados da rua, quando a saturação da sarjeta assim o exigir ou quando forem ultrapassadas as suas capacidades de engolimento;

b. serão locadas nos pontos baixos da quadra;

c. a localização das bocas-de-lobo deve ser determinada pelo cálculo da capacidade hidráulica da sarjeta, considerando-se uma altura do meio-fio de 0,15 m e uma largura da lâmina d’água variável;

d. a melhor solução para a instalação de bocas-de-lobo é que seja feita em pontos pouco a montante de cada faixa de cruzamento usada pelos pedestres, junto às esquinas;

e. não é conveniente a sua localização junto ao vértice de ângulo de interseção das sarjetas de duas ruas convergentes, porque os pedestres, para cruzarem uma rua,  teriam que saltar a torrente num trecho de máxima vazão superficial, e as torrentes convergentes pelas diferentes sarjetas teriam, como resultante, um escoamento de velocidade em sentido contrário ao da afluência para o interior da boca-de- lobo.

  • Poços de visita e de queda – o poço de visita tem a função primordial de permitir o acesso às canalizações para limpeza e inspeção, de modo que se possam mantê-las em bom estado de funcionamento. Sua locação é sugerida nos pontos de mudanças de direção, cruzamento de ruas (reunião de vários coletores), mudanças de declividade e mudança de diâmetro. O espaçamento recomendado para os poços de visita é de 50 m.
  •  Reservatório de detenção ou retenção: em locais onde o espaço seja reduzido ou que seja necessário manter-se uma superfície superior integrada com outros usos, pode-se utilizar reservatórios subterrâneos; no entanto, o custo desse tipo de solução é superior ao dos reservatórios abertos. Quando o sistema descarrega diretamente o volume drenado para o reservatório, trata-se de uma reservação do tipo on-line. No caso em que o escoamento é transferido para a área de amortecimento somente após atingir uma certa vazão, o sistema é denominado off-line. Quanto à localização dos reservatórios, pode-se dizer que ela dependerá dos seguintes fatores:

i. em áreas muito urbanizadas, a localização depende da disponibilidade de espaço e da capacidade de interferir no amortecimento. Se existe espaço somente a montante, que drena pouco volume, o efeito será reduzido;

ii. em áreas a serem desenvolvidas, deve-se procurar localizar o reservatório nas regiões de baixo valor econômico, aproveitando as depressões naturais ou parques existentes. Um bom indicador de localização são as áreas naturais que formam pequenos lagos antes do seu desenvolvimento.

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Drenagem Urbana-parte1

Fontes: Tucci, Carlos E. M. ÁGUA NO MEIO URBANO e PLANO DIRETOR DE DRENAGEM URBANA-Manual de Drenagem Urbana. UFGRS

Drenagem Pluvial – Breve Histórico

  • Há indícios de que os egípcios e indianos já construíam sistemas de escoamento pluvial desde 3.000 a.C.
  • Na Grécia clássica, servidores públicos denominados astímonos eram responsáveis por serviços urbanos como o abastecimento de água e esgotamento sanitário.
  • Na idade média, a via era projetada em função do pedestre. O perfil de via neste período era, na maioria das vezes em forma de “v”, e o escoamento das águas acontecia no centro. Já foi pergunta de prova!
  • O uso de escadarias, no sistema de drenagem, apresentava dupla função: além de vencer declives, era capaz de dissipar energia e diminuir a velocidade da água.
  • XIX, em grandes centros como Paris, Londres, Amsterdam, Chicago, Buenos Aires, etc. propagou-se o sistema unitário, que implicava em grandes galerias e dificultava, quando não impedia, o tratamento da água servida.

1. Sistemas de drenagem  

Os sistemas de drenagem são definidos como na fonte, microdrenagem e macrodrenagem.

  • A drenagem na fonte é definida pelo escoamento que ocorre no lote, condomínio ou empreendimento individualizado, estacionamentos, área comercial, parques e passeios.
  • A microdrenagem é definida pelo sistema de condutos pluviais ou canais em um loteamento ou de rede primária urbana. Este tipo de sistema de drenagem é projetado para atender a drenagem de precipitações com risco moderado.
  • A macrodrenagem envolve os sistemas coletores de diferentes sistemas de microdrenagem. Quando é mencionado o sistema de macrodrenagem, as áreas envolvidas são de pelo menos 2 km2 ou 200 ha. Estes valores não devem ser tomados como absolutos porque a malha urbana pode possuir as mais diferentes configurações.   O sistema de macrodrenagem deve ser projetado com capacidade superior ao de microdrenagem, com riscos de acordo com os prejuízos humanos e materiais potenciais. Na verdade, o que tem caracterizado este tipo de definição é a metodologia utilizada para a determinação da vazão de projeto. O Método Racional tem sido utilizado para a estimativa das vazões na microdrenagem, enquanto os modelos hidrológicos que determinam o hidrograma do escoamento são utilizados para as obras de macrodrenagem. Justamente por ser uma metodologia com simplificações e limitações, o Método Racional pode ser utilizado somente para bacias com áreas de até 2km².

 

1.1 Escoamento e condicionantes de projeto

O escoamento em um rio, córrego ou canalização depende de vários fatores que podem ser agregados em dois conjuntos:

  • Condicionantes de jusante: Os condicionantes de jusante atuam no sistema de drenagem de forma a modificar o escoamento a montante. Os condicionantes de jusante podem ser: estrangulamento do rio devido a pontes, aterros, mudança de seção, reservatórios, oceano. Esses condicionantes reduzem a vazão de um rio independentemente da capacidade local de escoamento;
  • Condicionantes locais: definem a capacidade de cada seção do rio de transportar uma quantidade de água. A capacidade local de escoamento depende da área, da seção, da largura, do perímetro e da rugosidade das paredes. Quanto maior a capacidade de escoamento, menor o nível de água.

1.2 Risco e incerteza

O risco de uma vazão ou precipitação é entendido como a probabilidade (p) de ocorrência de um valor igual ou superior num ano qualquer. O tempo de retorno (Tr) é o inverso da probabilidade (p) e representa o tempo, em média, que este evento tem chance de se repetir.

Tr = 1/p

2. Projeto de Drenagem Urbana

Um projeto de drenagem urbana deve possuir os seguintes componentes principais:

 

  • Projeto arquitetônico, paisagístico e viário da área: envolve o planejamento da ocupação da área em estudo.
  • Definição das alternativas de drenagem e das medidas de controle: devem ser realizadas para manutenção das condições anteriores ao desenvolvimento, com relação à vazão máxima de saída do empreendimento. As alternativas propostas podem ser realizadas em conjunto com a atividade anterior, buscando compatibilizar com os condicionantes de ocupação;
  • Determinação das variáveis de projeto para as alternativas de drenagem em cada cenário: os cenários analisados devem ser a situação anterior ao desenvolvimento e após a implantação do projeto. O projeto dentro destes cenários varia com a magnitude da área e do tipo de sistema (fonte, micro ou macrodrenagem). As variáveis de projeto são a vazão máxima ou hidrograma dos dois cenários, as características básicas dos dispositivos de controle e a carga de qualidade da água resultante do projeto.
  • Projeto da alternativa escolhida: envolve o detalhamento das medidas de controle no empreendimento, inclusive a definição das áreas impermeáveis máximas projetadas para cada lote, quando o projeto for de parcelamento do solo.

2.1 Alternativas de controle para a rede de drenagem urbana  

As medidas de controle para as redes de drenagem urbana devem possuir dois objetivos básicos: controle do aumento da vazão máxima e melhoria das condições ambientais. As medidas de controle do escoamento podem ser classificadas, de acordo com sua ação na bacia hidrográfica, em:

  • distribuída ou na fonte: é o tipo de controle que atua sobre o lote, praças e passeios;
  • na microdrenagem: é o controle que age sobre o hidrograma resultante de um parcelamento ou mesmo mais de um parcelamento, em função da área;
  • na macrodrenagem: é o controle sobre áreas acima de 2km² ou dos principais riachos urbanos.

As principais medidas de controle são:

  • Aumento da infiltração por dispositivos como pavimentos permeáveis, valo de infiltração, plano de infiltração, entre outros. Estas medidas contribuem para a melhoria ambiental, reduzindo o escoamento superficial das áreas impermeáveis. Este tipo de medida é aplicada somente na fonte.
  • Armazenamento: o armazenamento amortece o escoamento, reduzindo a vazão de pico. O reservatório urbano pode ser construído na escala de lote, microdrenagem e macrodrenagem. Os reservatórios de lotes são usados quando não é possível controlar na escala de micro ou macrodrenagem, já que as áreas já estão loteadas. Os reservatórios de micro e macrodrenagem podem ser de detenção, quando é mantido a seco e controla apenas o volume. O reservatório é de retenção quando é mantido com lâmina de água e controla também a qualidade da água, mas exige maior volume. Os reservatórios de detenção também contribuem para a melhoria da qualidade da água, se parte do volume (primeira parte do hidrograma) for mantida pelo menos 24 horas na detenção;
  • Aumento da capacidade de escoamento: mudando variáveis como área, rugosidade da seção do escoamento e a declividade, é possível aumentar a vazão e reduzir o nível. Esta solução, muito utilizada, apenas transfere para jusante o aumento da vazão, exigindo aumento da capacidade ao longo todo o sistema de drenagem, aumentando exponencialmente o custo.

Pavimentos permeáveis – são:

  • pavimento de asfalto poroso;
  • pavimento de concreto poroso;
  • pavimento de blocos de concreto vazado preenchido com material granular, como areia ou vegetação rasteira, como grama.

2.2 Descrição e critérios de projeto para sistemas que infiltram na base e nas laterais

  •  Bacias de infiltração: Trata-se de uma área de solo circundada por uma margem ou contenção que retém as águas pluviais até que estas infiltrem através da base e dos lados. Em geral são escavadas, mas podem ser aproveitadas pequenas encostas já existentes no terreno. Podem ser utilizadas para, parcialmente, atenuarem picos de cheias juntamente com a função principal de estimular a infiltração. Quando o solo permite bastante infiltração, pode ocorrer uma subida não desejada e não prevista do lençol freático, causando falha do dispositivo, pois ocorre uma diminuição da capacidade de infiltração.
  • Valos de infiltração: Estes são dispositivos de drenagem lateral, muitas vezes utilizados paralelos às ruas, estradas, estacionamentos e conjuntos habitacionais, entre outros. Esses valos concentram o fluxo das áreas adjacentes e criam condições para uma infiltração ao longo do seu comprimento, de forma que eles também podem agir como canais, armazenando e transportando água para outros dispositivos de drenagem. Para facilitar ainda mais a infiltração, podem ser instaladas pequenas contenções ao longo do comprimento, transversalmente ao sentido do escoamento.
  • Poços de infiltração: Consiste de uma escavação em forma cilíndrica ou retangular com uma estrutura ou preenchimento de pedras para manter a forma da escavação. Em locais maiores, vários poços podem ser conectados. Quando da ocorrência de um evento, parte da água fica armazenada, enquanto parte infiltra na base e nas laterais. Podem ser construídos de anéis de concreto perfurado, pré-moldados, etc.
  • Bacias de percolação ou trincheira de infiltração: Os dispositivos de percolação dentro de lotes permitem, também, aumentar a recarga e reduzir o escoamento superficial. O armazenamento depende da porosidade e da percolação. As bacias são construídas para recolher a água do telhado e criar condições de escoamento através do solo. Essas bacias são construídas removendo-se o solo e preenchendo-o com cascalho, que cria o espaço para o armazenamento. De acordo com o solo, é necessário criar-se maiores condições de drenagem. A principal dificuldade encontrada com o uso desse tipo de dispositivo é o entupimento dos espaços entre os elementos pelo material fino transportado, portanto é recomendável o uso de um filtro de material geotêxtil.

 

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A Carta de Atenas e a Nova Carta de Atenas

O documento conhecido como Carta de Atenas foi redigido no IV CIAM que aconteceu em Atenas no ano de 1933.

– Os CIAMs – Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna foram realizados até a Segunda Guerra e após 1945 não tiveram grande relevância. Foram no total 10 congressos que abordaram temas de complexidade crescente, iniciando com as condições mínimas de alojamento até culminarem na cidade funcional.

A Carta de Atenas é um apanhado geral das teorias do Urbanismo Racionalista ou Funcionalista. É possível identificar na redação traços do socialismo utópico da Bauhaus, de Ebenezer Howard, Tony Garnier, etc.

É quase unânime entre os críticos o fato de que, na verdade, a Carta não trazia nenhuma novidade. Países como os EUA, Alemanha, Suécia, Rússia, Holanda e França já aplicavam os preceitos da Carta há vários anos. A inovação ficou mesmo por conta da abordagem às questões de Patrimônio Histórico

O documento final foi redigido por Le Corbusier. O tema do congresso de 1933 foi “Cidade Funcional” e havia uma intenção de renovação de função e de estética para os espaços em geral.

O contexto social era o enfrentamento da destruição reflexo do pós guerra, com destaque para o grande déficit habitacional. Os temas mais relevantes do debate foram:

  • propriedade privada cumprindo seu papel social, submetida ao interesse coletivo
  • planejamento regional e intra-urbano
  • zoneamento definido a partir das funções
  • tamanho e densidade das cidades, verticalização das construções localizadas em áreas verdes
  • erradicação da rua-corredor 
  • racionalização, industrialização da construção por meio da padronização de elementos e componentesUma marca importante da carta é a prevalência dos meios de transporte individuais em detrimento dos coletivos.

As discussões culminaram na famosa teoria de organização espacial obedecendo as distintas atividades humanas básicas: trabalhar – habitar – cultivar o corpo e o espírito – circular. Acreditava-se firmemente que as decisões tomadas na prancheta poderiam guiar as cidades e até mesmo a vida dos indivíduos de maneira direta e completa.

Uma marca importante da carta é a prevalência dos meios de transporte individuais em detrimento dos coletivos.

Nova carta de Atenas

Em 1998 foi redigido um documento intitulado A Nova Carta de Atenas, e em 2003 houve mais uma atualização. De autoria do Conselho Europeu de Urbanistas, CEU, a Nova Carta coloca os cidadãos em posição central das tomadas de decisões em relação às cidades; os urbanistas passam a orquestrar o desenvolvimento em parceria com profissionais de múltiplas áreas.

O novo documento aborda:

  • Transformação rápida das cidades e o emprego da tecnologia para auxiliar o planejamento.
  • Planejamento estratégico e desenvolvimento sustentável ganham destaque.
  • Redes urbanas, cidades policêntricas.
  • Importância do transporte coletivo.
  • Preservação e destaque dos valores culturais.
  • Envelhecimento da população, acessibilidade, necessidade de infraestrutura.
  • Equilíbrio ambiental.
  • Redução das desigualdades sociais.

Este Resumo é bom principalmente para provas do CESPE.

Bons Estudos!

 

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Sistemas Prediais

Sistemas prediais: Transporte vertical mecanizado – Elevador

Fonte: Manual de Transporte Vertical em Edifícios Elevadores de Passageiros, Escadas Rolantes, Obra Civil e Cálculo de Tráfego – Atlas Schindler

Instalações de longa vida – 25 a 40 anos.

  1. Esquema básico de funcionamento do elevador:
  • O conjunto cabina, armação e plataforma denomina-se carro.
  • O conjunto do contrapeso deve ter peso total igual ao do carro acrescido de 40 a 50% da capacidade licenciada. O contrapeso de um elevador deve estar na mesma caixa do carro.
  • Além do freio normal, o elevador é dotado de um freio de segurança para situações de emergência, de atuação mecânica.
  • No caso de elevadores panorâmicos, o contrapeso pode estar numa caixa remota desde que a caixa seja totalmente fechada e provida de meios adequados de acesso para fins de inspeção, reparos e manutenção.
  • O amortecedor de uma máquina elevadora consiste em um pistão ou dispositivo de mola, instalado no limite inferior extremo do trajeto, cuja finalidade é absorver o impacto de uma cabine de elevador ou de um contrapeso em sua descida.

elevadorelevador1

 2. Estrutura Civil composta por:

a. Caixa de corrida: material incombustível formando uma superfície lisa, com pilares nas paredes laterais e nas dos fundos, ficando à frente livre para fixação dos marcos e da botoeira de chamada. Não é permitida a colocação de qualquer tubulação no interior da caixa, apenas a necessária para o funcionamento do elevador.

  • Se existirem saliências na direção do movimento do elevador, estas devem ser chanfradas, a 60° ou mais, com a horizontal. Quando houver distância superior a 11 m entre paradas consecutivas, devem existir portas de emergência na Caixa. Essa exigência não se aplicará nos casos de cabinas adjacentes, que permitam a evacuação de uma para outra por meio de uma porta de emergência lateral. Portas de inspeção e de emergência e portinholas de inspeção devem abrir para fora da caixa.
  • Devem ser previstas aberturas de ventilação, na parte superior da caixa, com área total de no mínimo 1% da seção transversal da caixa. Essa ventilação poderá ser feita diretamente do exterior ou por meio da casa de máquinas ou casa de polias.
  • Abaixo da soleira de cada pavimento deve existir uma aba com altura de 30 cm, no mínimo, sendo que a sua parte inferior deve continuar com uma inclinação de 60° com a horizontal. Deve haver iluminação a cada 7m ao longo do percurso.
  • É aceitável um desvio de 1,5cm de cada lado, considerando todo o percurso do elevador, acrescido do espaço livre superior e do espaço livre inferior (profundidade do Poço).
  • Acabamentos em gesso são proibidos (nas paredes, teto e piso da caixa)

b. Casa de máquinas: contém o motor e os aparelhos de manobra do elevador. Exige paredes incombustíveis, isolamento térmico e extintor de incêndio junto à porta de acesso.

  • O posicionamento ideal para a Casa de Máquinas é na parte superior do edifício, sobre a caixa do elevador. Quando situada em outro local do prédio (por exemplo: na parte inferior do edifício, ao lado do Poço), obrigatoriamente deverá ser construída uma casa de polias sobre a caixa.
  • Podem conter dentro da Casa de Máquinas: máquinas para monta-cargas ou escadas rolantes; equipamento de ar condicionado ou aquecimento desses recintos, exceto aquecedores de água ou vapor; detectores de fogo ou extintores com temperatura de operação elevada, apropriado para equipamento elétrico, estável por um período de tempo e protegido contra impactos acidentais.
  • A porta de acesso à Casa de Máquinas deve ser de material incombustível e sua folha deve abrir para fora, estar provida de fechadura de segurança com chave para a abertura pelo lado externo e abertura sem chave pelo lado interno.
  • As máquinas, outros dispositivos do elevador, e as polias devem ser instaladas em recinto exclusivo contendo paredes sólidas, piso, teto. Os pisos devem ser antiderrapantes.
  • As entradas devem ter altura mínima de 2,00m e largura mínima de 0,70m.
  • Quando o acesso de pessoas à casa de máquinas ou casa de polias é realizado por escadas, estas devem ser construídas com materiais incombustíveis e antiderrapantes, devendo cumprir com os projetos normais (máximo 45°) de piso e espelho, com uma largura de pelo menos 0,7 m e devem ser de trechos retos possuindo no final um patamar coincidente com a porta de entrada, de dimensões suficientes para que se permita que uma pessoa parada nele possa abrir comodamente a porta. Tanto a escada quanto o patamar devem possuir proteções bilaterais de altura não inferior a 0,90 m, medida na vertical desde o degrau ou patamar, conforme corresponda, devendo possuir ainda corrimãos e rodapés. (a escada não pode ser do tipo “caracol”).
  • Devem ser providas de ganchos instalados no teto para levantamento de equipamento pesado durante a montagem e manutenção do elevador. Altura mínima de 2,00m, tomada da parte inferior das vigas estruturais do teto e medida a partir do piso da área de acesso.
  • Acima da parte mais alta da máquina deve existir uma distância vertical livre mínima de 0,6 m.
  • Quando a função do edifício exigir (ex.: moradias, hotéis, hospitais, escolas, bibliotecas, etc.) as paredes, pisos e tetos das casas de máquinas devem absorver substancialmente os ruídos oriundos da operação dos elevadores.
  • Devem ter ventilação natural cruzada ou forçada, com 1/10 de área de piso.
  • Devem ser iluminadas, garantindo o mínimo de 200lx ao nível do piso e possuir pelo menos uma tomada elétrica. Devem dispor de luz de emergência, independente e automática, com autonomia mínima de 1hora para garantir iluminação de pelo menos 10lx sobre a máquina de tração.
  • A temperatura da Casa de Máquinas deve ser mantida entre 5ºC e 40ºC.
  • A área da Casa de Máquinas sempre será maior que o dobro da área da caixa.
  • O limitador de velocidade pode ser instalado na caixa desde que as inspeções e os ensaios e as operações de manutenção sejam realizadas de fora da caixa.

c. Casa de polias: destinado às polias superiores, quando as máquinas não estiverem colocadas na parte superior do conjunto. Deve ter piso incombustível, iluminação artificial, PD mín. 1,30m e altura sobre as polias guia de 0,30m.

d. Poço: local onde se move a cabine e onde se encontra o contrapeso.

  • Deve existir acesso ao fundo do Poço. Entre os Poços de elevadores adjacentes deve existir parede divisória, ou proteção de chapa metálica ou tela de arame, de abertura de malha inferior a 5 cm, com altura mínima de 2,50 m acima do nível do fundo do Poço.
  • Quando houver porta na parede divisória dos Poços de elevadores adjacentes, essa porta deverá ter contato elétrico (idêntico das portas de pavimento) que interrompa o circuito dos dois elevadores. Em cada Poço deve existir um ponto de luz, de forma a assegurar a iluminação mínima de 20 Ix no piso do Poço, além de uma tomada elétrica.
  • O Poço deverá ser impermeável, fechado e aterrado, de material não inflamável ou refratário e nele não deverá existir qualquer obstáculo que dificulte a instalação dos aparelhos do elevador (como sapatas ou vigas que invadam o Poço).
  • A profundidade do Poço é variável de acordo com o equipamento a ser instalado.

e. Cabine: as dimensões mínimas para as portas são de 0,80m de largura por 2,00m de altura.

3. Outros Tipos de Elevadores

a. Elevador sem casa de máquinas: A construção de edifícios sem casa de máquinas para instalação de elevadores se tornou possível para edifícios residenciais de médio porte e edifícios comerciais de pequeno porte e tráfego.

  • As cintas flexíveis possibilitam uma polia de tração menor, criando uma máquina 70% menor e até 50% mais eficiente comparada a máquinas com engrenagem convencionais. Não há mais necessidade de projetar um espaço adicional específico para alocar os componentes do elevador. Não necessitam de lubrificação adicional, eliminando a necessidade de armazenamento, limpeza e descarte de resíduos perigosos.
  • Os equipamentos de tração passam a ser instalados na parte extrema superior da caixa enquanto os dispositivos de comando se distribuem pela cabina, botoeiras de chamadas dos pavimentos e interior do batente da porta do pavimento superior. Nestas instalações o contrapeso está localizado normalmente ao lado, na caixa.

b. Elevador Hidráulico: desenvolvido para atender hospitais, fábricas e shopping centers. Com capacidade para 4 a 20 pessoas e velocidade entre 30 e 60m/min, opera com um sistema de impulsão hidráulica que elimina ruídos e vibrações no trajeto.

  • A casa de máquinas não precisa ficar na parte superior da caixa de corrida. O equipamento conta com as tecnologias de autodiagnostico e telediagnóstico que realizam autochecking e avisam sobre ocorrências.

4. Características básicas do elevador

a. Capacidade de carga:

  • Normal: para transporte de pessoas
  • De carga: para transporte de cargas e macas

b. Tipo de acesso

  • Público
  • Restrito: o usuário necessita de uma chave de acesso para habilitar o uso do elevador. A chave de acesso pode ser de destino único (habilita apenas um andar específico) ou destino múltiplo.

 c. Velocidade nominal e lotação da cabine

  • A determinação da velocidade e da capacidade dos elevadores de um edifício é feita através do seu Cálculo de Tráfego
  • A grande maioria dos edifícios residenciais apresenta um fluxo de usuários que é bem atendido por elevadores com velocidade de 1,00 m/s e capacidade de 6 a 9 pessoas.

 

d. Tipo de comando

  • O acionamento mais moderno é por tensão e frequência variáveis, VVVF, reduz custos e proporciona economia à construção civil com a redução no dimensionamento das linhas adutoras de energia, chaves e cabeamento elétrico
  • O sistema de Comando afeta sensivelmente o rendimento da instalação.
  • A finalidade do Comando é estabelecer a prioridade e o sentido de atendimento às chamadas, de acordo com as características do edifício.

i. Comando automático coletivo: existem botões de chamada, um para cada pavimento, instalados na cabina, e um único botão de chamada instalado em cada pavimento, todos ligados ao painel central, de tal maneira que todas as chamadas fiquem nele registradas. O carro vai efetuando as paradas em ordem sequencial   independentemente da ordem em que as chamadas tenham sido registradas. Aplica-se a edifícios de poucos andares (de 2 até 3 pavimentos) e pouco movimento, em que o tráfego predominante seja entre andares, como estabelecimentos comerciais e industriais pequenos.

ii. Comando automático coletivo seletivo na descida as chamadas de pavimento somente são atendidas quando o elevador se movimenta em sentido descendente, a partir de chamada superior. Aplica-se a edifícios em que o movimento principal é constituído pelo tráfego entre o térreo e os demais pavimentos, sem que haja tráfego apreciável entre os próprios pavimentos. É ideal para edifícios de apartamentos.

iii. Comando automático coletivo seletivo na subida e na descida existem nos pavimentos intermediários dois botões, um de “subida” e um de “descida”, e um botão nos pavimentos extremos. Neste sistema de comando as chamadas de pavimento para subir são selecionadas separadamente das chamadas de pavimento para descer, sendo atendidas primeiramente todas as chamadas em um dos sentidos para depois serem atendidas as de sentido oposto. Aplica-se a edifícios onde o fluxo predominante seja entre os andares, tais como escritórios em geral ou de uma única entidade, repartições públicas. Em edifícios residenciais se aplica ao pavimento térreo sempre que existirem pavimentos inferiores de garagem.

iv. Comando em grupo: para grupo de dois ou mais elevadores que operam em conjunto e que tenham o mesmo número de paradas, entradas no mesmo hall, somente um pavimento principal de acesso e a mesma destinação de uso. Nos mais simples, o comando, além de efetuar a seleção de chamadas de descida ou chamadas de subida e descida, seleciona também qual o elevador deverá atender a determinada chamada de pavimento. Estes sistemas são indicados para qualquer tipo de edifício, sempre com melhor rendimento para o fluxo de tráfego. Aplica-se nos casos em que não há divisão no hall de acesso entre os elevadores social e de serviço e sempre que os elevadores estejam próximos, dispostos em grupo (lado a lado ou frente a frente). Nos sistemas mais complexos o comando determina, nas horas de pico, quais são as chamadas prioritárias (chamadas de pavimento principal, chamadas de descida, chamadas de subida, etc.). São indicados para edifícios com grande fluxo de tráfego.

5. Cálculo de tráfego

Para que se possa efetuar o cálculo, as seguintes variáveis deverão ser conhecidas:

  • População do prédio
  • Número de paradas dos elevadores
  • Percurso dos elevadores
  • Tipos de portas dos elevadores
  • Capacidade das cabinas
  • Velocidade dos elevadores
  • Quantidade de elevadores

População do prédio

a. escritórios de uma única entidade       1 pessoa por 7,00m² de sala.

b. escritórios em geral e consultórios      1 pessoa por 7,00m² de sala.

c. apartamentos

  • 2 pessoas por 1 dormitório;
  • 4 pessoas por 2 dormitórios;
  • 5 pessoas por 3 dormitórios;
  • 6 pessoas por 4 dormitórios ou mais; e
  • 1 pessoa por dormitório de serviçal.

d. hotéis                 2 pessoas por dormitório.

e. hospitas             2,5 pessoas por leito.

f. restaurantes       1 pessoa p/1,50m² salão refeições.

g. escolas

  • salas de aula                           1 pessoa por 2,00m².
  • salas de administração         1 pessoa por 7,00m².

h. edifícios-garagem com rampas sem manobristas    1,4 pessoas por vaga.

i. lojas e centros comerciais                                   1 pessoa por 4,00m² de loja.

OBS: Para efeito do cálculo de tráfego não é computada a população do pavimento de acesso, as áreas destinadas a circulação, halls, sanitários, elevadores, etc.

  • O intervalo de tráfego máximo admissível, ou seja, o tempo máximo que um passageiro deve esperar pelo carro, é dado em função da finalidade do prédio. Para edifícios de apartamentos não existe a exigência de intervalo de tráfego máximo admissível
  • Percurso: distância, em metros, percorrida pelo carro, do piso acabado da primeira parada ao piso acabado da última parada (não inclui o espaço livre superior e o Poço).
  • Velocidade: estabelecida de forma compatível com a altura do prédio,

6. Outras características:

a. Dimensionamento da Caixa: é função da capacidade, da velocidade, do tipo de portas e da localização do contrapeso.

b. Posicionamento: Os elevadores devem ser posicionados de tal forma que a distância entre eles seja mínima. Distância excessiva entre os carros de um grupo resulta em um maior tempo na parada do elevador, pela maior demora dos passageiros em alcançá-lo, reduzindo a eficiência da instalação.

  • Para dois carros, o arranjo lado a lado é o melhor. A solução de dois elevadores frente a frente também pode ser considerada satisfatória; entretanto, deve-se ter um corredor mais largo.
  • Grupo de três carro: largura do hall de 2,00m para elevadores em linha e 2,20m para elevadores frente a frente.
  • Grupo de quatro carros: dois carros frente a frente é melhor do que quatro carros em linha. 2 frente a 2 – largura do hall= 2,80m; 4 em linha – largura do hall= 2,60m
  • Grupo de cinco ou seis carros: A boa solução é a de três carros frente a dois ou três, sendo 3,00m a largura recomendada para o hall.

c. Portas de pavimento: Quando fechadas, as folgas entre folhas ou entre folhas e longarinas, vergas ou soleiras, não devem exceder 6 mm. As portas corrediças horizontais de pavimento devem ser guiadas em cima e em baixo.

  • Altura: As portas de pavimento devem ter uma altura livre mínima de 2,0 m.
  • Largura: As portas de pavimento deverão proporcionar uma abertura livre mínima de 0,8 m.
  • Altura interna livre da cabina: deve ser no mín. de 2,10 m.
  • A abertura automática das portas da cabina: deve ocorrer somente na zona de nivelamento, limitada para esse fim a 0,20 m para cima e 0,20 m para baixo do nível do pavimento.

d. Limitador de velocidade: Dispositivo que, quando o elevador atinge uma velocidade predeterminada, causa a parada do elevador e, se necessário, aciona o freio de segurança.

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Sistemas Prediais

Sistemas prediais: Gás Canalizado

Instalações prediais de gás canalizado

  1. Gás natural: composto por 89% metano, 8% etano, 1,5% propano. Mais seguro porque não é tóxico e é mais leve que o ar.
  2. Gás manufaturado: 35% hidrogênio, 26% metano, 20% nitrogênio, 8% dióxido de carbono, 7% monóxido de carbono (gás tóxico)

O Sistema está dividido nas seguintes partes:

  • Ramal externo: trecho responsável pela ligação entre a rede geral e o medidor predial, que vai desde a rede até o muro do terreno;
  • Ramal interno: trecho responsável pela ligação entre a rede geral e o medidor geral, que vai do muro do terreno até o medidor;
  • Ramificação primária: tubulação que liga o medidor coletivo aos medidores individuais;
  • Ramificação secundária: tubulação que liga os medidores individuais ao ponto de gás.

gás

Esquema de ligação de gás sem ramificação primária

Os ramais internos serão instalados:

  • Para medidor individual, em área privativa da unidade a que se destina;
  • Para medidores coletivos em áreas comuns;
  • As caixas de proteção dos medidores individuais poderão ser colocadas no pavimento térreo, em locais comum, ou ainda no interior da área privativa da unidade a que se destina;
  • Em casos excepcionais será permitida a localização de medidores no subsolo, desde que assegurada a iluminação e a ventilação;
  • A área total das aberturas para ventilação das caixas de proteção ou cabines é de no mínimo 1/10 da área da planta baixa do compartimento;
  • No interior das caixas de proteção ou cabines só existirá ponto de iluminação à prova de explosão;
  • As tubulações devem ter um afastamento mín. de 20cm das canalizações de outra natureza.
  • As tubulações de gás devem estar distantes entre si no mínimo o espaçamento igual ao diâmetro da maior tubulação;
  • Não é permitida a passagem de canalização nas seguintes situações: através de chaminé, tubos de lixo, tubos de ar condicionado, compartimentos de ventilação, poços de elevadores, depósitos de água, vazios, sem ventilação, formados pela estrutura.

OBS: nas paredes em que forem embutidas as prumadas e os trechos verticais dos aparelhos de utilização não é permitido o uso de tijolo vazado a uma distância mínima de 20cm para cada lado.

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Sistemas Prediais

Sistemas prediais: Instalações de lógica e cabeamento estruturado

  1. Cabeamento Estruturado: instalação de cabos constituindo uma rede caracterizada pela capacidade de transmissão de dados em alto volume, interligando dispositivos de comunicação em uma edificação ou conjunto de edificações.
  2. Definição de Sistema de Cabeamento Estruturado
  • Um sistema de cabeamento estruturado permite o tráfego de qualquer tipo de sinal elétrico de áudio, vídeo, controles ambientais e de segurança, dados e telefonia, convencional ou não, de baixa intensidade, independente do produto adotado ou fornecedor.
  • Este tipo de cabeamento, possibilita mudanças, manutenções ou implementações de forma rápida, segura e controlada, ou seja toda alteração do esquema de ocupação de um edifício comercial é administrada e documentada seguindo-se um padrão de identificação que não permite erros ou dúvidas quanto aos cabos, tomadas, posições e usuários.
  • Para que estas características sejam conseguidas, existem requisitos mínimos relativos à distâncias, topologias, pinagens, interconectividade e transmissão, permitindo desta forma que atinja-se o desempenho esperado.
  • Tendo base que um sistema de cabeamento estruturado, quando da instalação, está instalado em pisos, canaletas e dutos, este sistema deve se ter uma vida útil de no mínimo 10 anos, este é o tempo médio da vida útil de uma ocupação comercial.

3. Composição de um Sistema de Cabeamento Estruturado

cabeamento estruturado

Um sistema de cabeamento estruturado compõem-se de 6 subsistemas, cada qual tendo suas próprias especificações de instalação, desempenho e teste.

1 – Armário de Telecomunicações

2 – PABX

3 – Distribuidor Geral

4 – Backbone (cabeamento vertical)

5 – Cabeamento Horizontal 6 – Tomadas de Telecomunicações

3.1 Cabeamento Horizontal (Horizontal Cabling): É a parte do sistema de cabeamento estruturado que contém a maior quantidade de cabos instalados, estende-se da tomada de telecomunicação instalada na área de trabalho até o armário de telecomunicação. É chamado de horizontal devido aos cabos correrem no piso, suspensos ou não, em dutos ou canaletas.

3.2 Área de Trabalho (Work Area): Área de trabalho é o local onde o usuário começa à interagir com o sistema de cabeamento estruturado, é neste local que estão situados seus equipamentos de trabalho, estes equipamentos podem ser:

  • Computador;
  • Telefone;
  • Sistemas de armazenagem de informações;
  • Sistema de impressão;
  • Sistema de videoconferência;
  • Sistema de controle.

Na área de trabalho, os componentes de cabeamento entre a tomada de telecomunicações e a estação de trabalho permitem a flexibilidade de deslocamento, sem comprometer a conexão física.

3.3 Cabos Verticais (BackBone Cabling): A função básica dos cabos verticais ou backbone cabling é interligar todos os armários de telecomunicação instalados nos andares de um edifício comercial (backbone cabling) ou vários edifícios comerciais (campus backbone), onde também serão interligadas as facilidades de entrada (entrance facilities).

3.4 A topologia adotada para os Cabos Verticais é a Estrela.

Os principais fatores a serem considerados para dimensionamento dos cabos verticais são:

  • Quantidade de área de trabalho;
  • Quantidade de armários de telecomunicações instalados;
  • Tipos de serviços disponíveis;
  • Nível de desempenho desejado.

3.5 Armário de Telecomunicação (Telecommunication Closet): Quando instalamos todos os cabos do cabeamento horizontal, fazemos sua instalação em cada área de trabalho e na outra ponta, no hardware de conexão escolhido. Este hardware de conexão deve ser protegido contra o manuseio indevido por parte de pessoas não autorizadas. Para que isto não aconteça, instalamos todos os hardwares de conexão, suas armações, racks, e outros equipamentos em uma sala destinada para esta função locada em cada andar, esta sala é chamada de armário de telecomunicação (telecommunication closet).

Um armário de telecomunicações deve ser instalado levando-se em conta algumas premissas:

  • Quantidade de áreas de trabalho;
  • Disponibilidade de espaço no andar;
  • Instalação física.

3.6 Sala de Equipamentos (Equipments Room): A sala de equipamentos é o espaço reservado dentro do edifício ou área atendida, onde está instalado o distribuidor principal de telecomunicações, que irá providenciar a interconexão entre os cabos do armário de telecomunicações, backbone cabling ou campus backbone, com os equipamentos de rede, servidores e os equipamentos de voz (PABX).

  • geralmente fica no 1 andar ou junto com a central, e faz a ligacao do cabeamento externo com o interno.

Existem algumas regras que devem ser seguidas na instalação da sala de equipamentos:

  • Área maior ou igual a 14m 2 ;
  • Instala-lo fisicamente à um mínimo de 3m de qualquer fonte de interferÊncia eletromagnética, como cabinas de força, máquinas de Raio X, elevadores, sistemas irradiantes;
  • Instalar tomadas elétricas a cada 1,5m;
  • Instalar uma iluminação com um mínimo de 540 Luz/m 2 ;
  • Deve ser instalado longe de infiltração de águas fluviais, esgotos e outros afluentes.

3.7 Facilidades de Entrada (Entrance facilities) Externo: As facilidades de entrada estão relacionadas aos serviços que estarão disponíveis para o cliente. Os serviços podem ser de:

  • Dados;
  • Voz;
  • Sistema de Segurança;
  • Redes Corporativas;
  • Outros serviços.
  • Deverão ser observadas as seguintes condições gerais:
  1. Obter os projetos de arquitetura, estrutura e demais instalações, a fim de integrar e harmonizar o projeto do Sistema de Cabeamento Estruturado (SCE) com os demais sistemas.
  2. Conceber o sistema de SCE, de modo a obter uma rede de transmissão e processamento de informações que permita flexibilidade na definição de “layouts” dos equipamentos, velocidade de processamento e confiabilidade da instalação.
  • Cabe ao arquiteto adequar os ambientes para receber o cabeamento estruturado.

3.8 Conversor ótico: dispositivo para acoplamento dos cabos de fibra ótica e conversão de sinais óticos em digitais.